sábado, 13 de dezembro de 2014

Conto: Mais bela do que eu? - PARTE 4

O conto a seguir é uma adaptação que fiz para o conto "Branca de Neve e os Sete Anões".

Beatriz é uma jovem de dezoito anos que perdeu o pai recentemente. Com isso, a Kingdom - grande empresa do ramo de segurança - foi deixada para ela e sua madrasta, Milena di Aba. Milena é uma modelo conhecida internacionalmente por sua beleza exuberante, mas está prestes a travar um embate com sua enteada, que está ganhando o título de mulher mais bela do mundo.

Leia a Parte 1, a Parte 2 e a Parte 3 da história.


            Milena estava decidida e não desistiria de seu plano. Ela mataria Beatriz, não importava o preço e a forma. Sua última tentativa acabou não dando certo por conta do grupo de anões que aparecera bem no momento em que ela entraria na casa. Mas a modelo já havia arquitetado outro plano e o colocaria em prática.
            — Mãe? — gritou Milena, assim que entrou na mansão.
            — Sim, o que foi? — Faustina desceu a escadaria em direção à sala. — O que você quer?
            — Você vai me fazer um favor — decretou Milena. — Preciso que você vá até a Beatriz. Eu a encontrei, ela está numa pocilga do subúrbio. Você tem que ir até ela toda suja, mal vestida, como se eu tivesse expulsado você daqui.
            — O que planeja? — perguntou a senhora, desconfiada.
            — A morte dela — respondeu Milena.
            — Minha filha! — Faustina ficou sem palavras. — Não posso fazer isso!
            — Então você vai para fora desta casa de verdade — ameaçou a modelo, impaciente. — Vai ser simples, não vai doer. Preciso que você entre na casa e se ofereça para cozinhar alguma coisa... E, então, você vai envenenar a comida.
            — Milena, por que isso? — questionou a mulher. — Você já não tem tudo o que quer?
            — Vai ou não me ajudar? — pressionou Milena. — Não temos muito tempo. Você precisa chegar lá amanhã, depois das nove, e ir embora antes das cinco da tarde. Mas acho que você consegue adiantar o serviço.
            — Tudo bem... — concordou Faustina.
            No dia seguinte, as duas acordaram bem cedo. Milena arranjou algumas roupas rasgadas e fedidas para a mãe.
            — Onde achou estas roupas? — perguntou Faustina, sentindo-se nauseada.
            — Peguei de um morador de rua — disse Milena. — Vista logo.
            Faustina se vestiu com os trapos.
            — Falta uma coisa... — comentou Milena, pegando uma tigela do chão.
            A megera passou o conteúdo da tigela no rosto e na roupa da mãe. Era água suja, da sarjeta.
            — Por que faz isso comigo? — perguntou Faustina.
            — Porque você me deve — explicou Milena. — Vamos, vou deixar você na esquina da rua onde a Beatriz está.
            Do outro lado da cidade, Beatriz e os sete irmãos tomavam café. Tudo estava bem. Emerson já não estava tão zangado quanto no dia anterior, e já até se acostumara com a ideia de uma hóspede.
            — Minha querida, está na hora de irmos — disse Geraldo. — Precisamos trabalhar.
            — Está cheio de vidro para quebrar naquele lugar — comentou Carlos, encenando o ato de quebrar. — O trabalho na vidraçaria é árduo!
            — Tudo bem... — concordou Beatriz. — Bom trabalho a todos. Farei um belo jantar para esta noite!
            Assim, os anões foram saindo da casa rumo ao trabalho.
            No fim da rua, um carro estava parado. Geraldo reconheceu o carro, era o mesmo do dia anterior. Mas não era possível enxergar o interior do veículo, pois os vidros eram escurecidos. Ao lado de dentro, Milena e Faustina estavam caladas, com a respiração baixa.
            Após os anões irem embora, Milena suspirou.
            — Tome — a modelo entregou uma ampola com um líquido verde para a mãe. — Este é o veneno.
            — O que é isto? — questionou Faustina. — Que substância é esta?
            — Você não precisa saber — disse Milena. — Vá logo! Ficarei esperando aqui.
            — Mas vai demorar até fazer alguma comida... — avisou a mulher.
            — Vá! — insistiu Milena.
            Faustina, então, saiu do carro e caminhou até a casa. A mulher estava horrível: sem maquiagem, o seu rosto era cheio de rugas e sulcos; a roupa toda rasgada e suja; o semblante depressivo. Ela bateu palmas.
            — Oi? — Beatriz apareceu na porta, desconfiada. — Posso... Dona Faustina?
            Beatriz ficou perplexa com o que viu.
            — O que houve com a senhora? — perguntou Beatriz. — Entre, por favor!
            A surpresa da menina foi tanta, que ela nem se deu conta de como a mulher havia-lhe encontrado ali.
            — Minha filha... — murmurou a velha. — A Milena me colocou para fora de casa. Desde ontem! Sem direito a nada!
            — Meu Deus! — clamou a jovem. — Que coisa terrível! Descanse um pouco...
            — Estou com fome... — interveio a senhora. — Será que tem algo para comer?
            — Bem, não tem nada — disse Beatriz. — Posso tentar cozinhar alguma coisa.
            — Não se preocupe — pediu Faustina. — Deixe que eu cozinho... Apenas me mostre as coisas.
            — Tudo bem — concordou Beatriz, pegando algumas coisas nos armários.
            — Maçãs? — Faustina viu as frutas num cesto. — Que tal se eu fizer uma torta de maçã?
            — Nossa! — os olhos de Beatriz brilharam. — Eu amo sua torta de maçã!
            — Então será isso — disse Faustina.
            A velha tomou muito cuidado durante o preparo, para que Beatriz não a visse colocar o veneno no meio da massa da torta.
            Cerca de duas horas e meia depois, a torta estava pronta.
            — Não vejo a hora de matar a minha fome! — comentou Faustina.
            — Então pode comer o primeiro pedaço, dona Faustina — ofereceu a jovem.
            — Não, não! — contestou Faustina. — A torta é sua comida favorita... Então experimente!
            A contragosto, Beatriz cortou um pedaço e logo o comeu, saboreando seu prato predileto.
            — Ficou com um gosto diferente — comentou  a moça. — A senhora usou algo diferente?
            — Não tinha canela — mentiu a velha.
            — Ah! — compreendeu Beatriz.
            — Posso ir ao banheiro, querida? — pediu Faustina. — Quero lavar as mãos antes.
            — Sim, venha, é por aqui — Beatriz apontou a porta do banheiro.
            Dez minutos depois, Faustina saiu do banheiro e encontrou a jovem encostada em uma cadeira da cozinha, um pouco largada.
            — Tudo bem, querida? — perguntou Faustina.
            — Acho que a torta não me caiu bem — respondeu Beatriz. — Não estou me sentindo muito bem. Acho que...
            Então, repentinamente, a menina caiu no chão.
            Faustina correu até ela e pressionou os seus pulsos. Não havia pulsação. A velha encostou a orelha no peito da jovem, tentando sentir a respiração, mas não conseguiu. Sem pensar duas vezes, Faustina correu para fora da casa e seguiu até o carro de Milena, entrando disfarçadamente.
            — E então? — questionou Milena.
            — Está feito — respondeu Faustina. — Ela comeu. Está caída no chão da cozinha.
            — Ótimo! — sorriu a modelo. — Agora, quando aqueles anões voltarem, vão encontrá-la assim e achar que está morta. Ela vai ser enterrada viva!
            — Como? — Faustina arregalou os olhos para a filha.
            — Isso mesmo — Milena pisou no acelerador e deu partida. — A substância que você colocou na comida dela fez a frequência cardíaca e a respiração dela diminuir, de modo que pareça que ela está morta.
            — Não! — gritou Faustina.
            — Fique quieta, mãe! — Milena deu uma cotovelada na mulher, que desmaiou.
            A modelo, então, partiu rumo a sua empresa, Kingdom, o seu império.
            Beatriz ficou lá, no chão gelado daquele sobrado, onde permaneceria até que os sete irmãos retornassem e a encontrassem.

Leia aqui o final da história.

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