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terça-feira, 23 de junho de 2015

Tudo o que Jenifer sabia...



            Tudo o que Jenifer sabia era que, mais cedo ou mais tarde, ela acabaria explodindo (não literalmente, é óbvio, mas em relação aos seus sentimentos). Ela sabia o que podia ou não fazer e sabia sobre todas as consequências de cada decisão; talvez fosse exatamente isso que a impedisse de agir: saber.
            Saber das coisas não pode ser considerado, exatamente, um dom; está mais para uma maldição: você tem o conhecimento e isso te vai tornar alguém que pode enxergar as coisas, mas, ao mesmo tempo, isso te vai trazer uma série de angústias e noites em claro.
            Jenifer estava exatamente assim – a angústia lhe tomava conta e fazia-lhe não raciocinar direito; ela imaginava coisas, criava histórias absurdas que justificassem a sua vontade.
            Tudo começara há pouco mais de dez anos: no auge da maioridade, Jenifer havia feito a escolha de iniciar um relacionamento (e cada escolha vem com uma renúncia); mas a menina não imaginava que as renúncias seriam tantas. Após vivenciar vários relacionamentos diferentes e amadurecer com cada vivência, a moça havia chegado a um ponto crucial – percebera que não tinha o controle sobre muito do que lhe rondava; e, para ela, isso acabou sendo algo terrível.

            Mas, afinal, para que ter tudo sob controle?

sábado, 27 de setembro de 2014

Conto: Lúcido


            Aquele era o pior dia da vida de Rebeca. O dia 10 de setembro de 2014 marcaria a sua existência. Sua mãe, o único membro da família com quem convivia e tinha laços, havia morrido naquela madrugada. As preces, as visitas, as suplicas, as quimioterapias, nada disso ajudara a mãe dela vencer o câncer.
            Rebeca estava furiosa com Deus e o mundo. Nem um e nem outro se importava com o fato da morte de sua mãe. Nem um e nem outro se importou com a vida de sua mãe. “Que Deus é este que abandona quem mais tem fé?”, ela se perguntava enquanto vestia a roupa. Estava tudo preparado para o velório e o enterro. O velório seria às vinte horas, e o enterro aconteceria na manhã seguinte. A jovem pegou sua bolsa e a chave do carro, saindo de seu apartamento. Dali a alguns minutos, ela teria de encarar as pessoas, aquelas mesmas pessoas que viraram as costas para sua mãe.
            Já no velório, Rebeca não abandonou o caixão por um segundo. Cada pessoa que se aproximava ficava sem jeito, pois percebia a revolta na expressão da menina. Não demorou muito e a sala do velório estava lotada. Tanta gente ali, para velar o corpo de sua mãe, e nenhuma para visitá-la quando ainda viva. A jovem conhecia todos ali e fez questão de olhar cada um nos olhos.
            Após algumas horas, Rebeca ouviu o som de correntes se arrastando pelo chão. Ela olhou a sua volta, mas não viu nada incomum. Ninguém portava correntes. Mas ela percebeu a presença de um homem desconhecido. Era um homem alto, com a pele muito branca, o cabelo preto, curto e arrepiado. Seus olhos eram quase de um tom lilás, e fitavam-na diretamente. Ele vestia uma espécie de sobretudo de cor creme, sobre uma calça social creme e uma camisa branca. Por um momento, Rebeca pensou ter visto uma corrente pendendo sobre a coxa do homem e arrastando no chão, mas quando olhou novamente não viu nada.
            A menina se sentiu tentada a falar com o homem misterioso, mas não queria deixar a sua mãe sozinha naquele caixão. Como se tivesse lido os seus pensamentos, o homem se levantou e caminhou até o caixão, ficando diante da jovem. Eles ficaram calados e olhando um para o outro, por cerca de vinte minutos, como se estivessem em um transe. Então, sem falar nada, o homem se retirou da sala.
            Como que tomada por um impulso incontrolável, Rebeca seguiu o homem. As pessoas que estavam no velório acharam esquisita a atitude da menina, que estivera ao lado da mãe a cada segundo. Rebeca o encontrou parado em um cruzamento de duas ruas, em frente ao velório, olhando para o céu estrelado. “Preciso saber quem ele é. Sei que ele pode ajudar.”, pensou a menina. E ela foi até o homem.
            — Oi? – disse a menina, preocupada.
            O homem voltou o seu olhar para Rebeca. Ele tinha uma beleza única, era tentador. Mas provocava, ao mesmo tempo, medo e angústia.
            — Quem é você? – questionou Rebeca. As palavras quase não saíam por seus lábios. Ela se aproximou aos poucos.
            — A pergunta correta é: “quem é você?” – devolveu o homem, sorrindo, com um olhar enigmático.
            — Quem sou eu? – estranhou a menina, sem compreender.
            Novamente, o barulho de corrente se arrastando pelo chão voltou a ser ouvido por Rebeca. Dessa vez, a menina viu a corrente amarrada nos pulsos do homem e caindo por suas pernas, até chegar ao chão.
            — Somos prisioneiros da ignorância – respondeu o homem. — Aquele que permitiu que vivêssemos, não permitiu que enxergássemos. Ele nos quis cegos e escravos de Sua própria vontade, de Seus caprichos. Ele criou a luz, mas não permitiu que cada criatura vivente pudesse acender a sua própria chama interior.
            — De onde você é? – perguntou Rebeca, sentindo uma inquietação.
            — Sou de onde eu não via as estrelas, mas via das estrelas – revelou o homem, segurando a corrente. — Fui arremessado no profundo abismo, na escuridão, porque exigi que a lucidez fosse um direito de cada ser. Mas é chegada uma Era de Luz. A Era dos Lúcidos. Os homens querem ver, e os homens poderão ver! A luz sempre esteve com vocês, vocês apenas se esqueceram disso por conta da vontade d’Aquele que anseia ser o único.
            Rebeca sentiu sua visão embaçar e, depois, focalizar novamente. Agora, ela enxergava o que antes não podia. Era uma sensação inédita, como se fosse parcialmente cega por toda a sua vida. O luar permitiu que a menina enxergasse a sombra do indivíduo. Em sua sombra, asas se expandiam ao lado de seu corpo. Rebeca sentiu uma corrente de energia percorrer todo seu corpo, como se uma explosão liberasse muita energia acumulada.
            — Agora você compreende? – perguntou o homem. — Esta é a visão que é sua por direito. Eu, como o Portador da Luz, não descansarei enquanto todas as criaturas deste planeta alcancem o lugar que lhes é de direito.
            O homem estendeu a mão para Rebeca e sorriu, por fim. A menina segurou sua mão, sem hesitar, e seguiu pela rua até desaparecerem da vista das pessoas que estavam no velório.

            Aquele dia marcara a existência de Rebeca. Afinal, não fora o pior dia de sua vida. Havia sido o melhor. Fora o dia em que passou a enxergar com os olhos da razão.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Série: Religiões - SATANISMO (Parte II)


Se você ainda não leu a primeira parte da matéria, acesse Satanismo - Parte I.

A Bíblia Satânica
            Escrita por Anton LaVey em 1969, apresenta ensaios, observações e alguns rituais que servem como base para o Satanismo Religioso, deixando claro que Satã é uma força da Natureza.
            Nela, LaVey defende que um verdadeiro Satanista não se esconde por trás de um pentagrama e, muito menos, faz preces de invocação – diz que esses são adeptos da magia branca. Na verdade, os Satanistas abominam esses “magos brancos”, que invocam espíritos que podem controlar e aprisionar, enquanto o Satanista invoca e vive em comunhão com a entidade solicitada. Ainda, há um trecho em que é dito que “O demônio tem sido atacado pelos homens de Deus [...] que nunca há uma oportunidade para o Príncipe das Trevas responder do mesmo modo”. Sem contar a “afronta”, onde LaVey diz que sem o Diabo, as religiões que acreditam em Deus jamais teriam chegado onde chegaram com seus “negócios”.

            Na Bíblia Satânica, há Nove Afirmações Satânicas:
1.      Satã representa indulgência, e não abstinência!
2.      Satã representa a essência da vida, e não sonhos espirituais fúteis!
3.      Satã representa conhecimento ilimitado, e não autoilusão hipócrita!
4.      Satã representa bondade para todos que merecem, e não amor desperdiçado com ingratos!
5.      Satã representa vingança, e não dar a outra face!
6.      Satã representa responsabilidade para os responsáveis, e não preocupação com vampiros psíquicos!
7.      Satã representa o homem como apenas mais um animal, por vezes melhor, na maioria das vezes pior que aqueles que andam em quatro patas o qual, por causa de seu “desenvolvimento intelectual e espiritual divino”, tornou-se o animal mais perverso de todos!
8.      Satã representa todos os pecados denominados, uma vez que todos eles conduzem à gratificação física, emocional e mental!
9.      Satã tem sido o melhor amigo que a Igreja jamais teve, uma vez que a manteve em funcionamento por todos esses anos!

            Também, há Onze Regras Satânicas:
1.      Não dê opiniões ou conselhos, a menos que te peçam.
2.      Não conte os teus problemas aos outros, a menos que tenha a certeza de que eles querem ouvi-los.
3.      No ambiente natural de outra pessoa, demonstre-lhe respeito ou não vá até lá.
4.      Caso um convidado te incomode em seu ambiente natural, trate-lhe cruelmente e sem misericórdia.
5.      Não tome iniciativas de cunho sexual, a menos que você receba sinais de receptividade.
6.      Não se aproprie do que não te pertence, a menos que seja um fardo para a outra pessoa e ela implore que seja aliviada disso.
7.      Reconheça o poder da magia, caso a utilize com sucesso para obter o que deseja. Se negar o poder da magia após tê-la invocado com sucesso, perderá tudo aquilo que obteve.
8.      Não se queixe daquilo que não precisa se submeter.
9.      Não maltrate crianças.
10.  Não mate animais não humanos, a menos que seja atacado ou precise se alimentar.
11.  Quando estiver andando em território aberto, não incomode ninguém. Se alguém te incomodar, peça-lhe para parar. Se não parar, destrua-lhe.

            Por fim, os Nove Pecados Satânicos:
1.      Estupidez: É uma pena que a estupidez não dói. Ignorância é uma coisa, mas a sociedade alimenta-se cada vez mais da estupidez. Depende das pessoas seguirem tudo o que lhes é dito. A comunicação social promove uma estupidez tratada como uma postura que não é apenas aceita, mas louvada. Os Satanistas devem aprender a ver além dos truques, e não podem se dar ao luxo de ser estúpidos.
2.      Pretensão: Uma postura vazia pode ser tremendamente irritante. Todos são levados a sentir-se como importantes, quer consigam feitos que o promovem ou não.
3.      Solipsismo: Projetar as reações, respostas e sensibilidades em alguém que, provavelmente, não está alinhado com a própria pessoa. É o erro em esperar que as pessoas retribuam a mesma consideração que lhes é dada. Elas não farão isso. Em vez disso, deve esforçar-se para aplicar o ditado “Faça aos outros o que eles fazem a você”.
4.      Autoilusão: Não devemos prestar homenagem a nenhuma das vacas sagradas que nos apresentam, incluindo ao modo como se espera que nos comportemos. A autoilusão só pode ser abordada quando é divertida e de forma consciente. Mas, aí, não é autoilusão.
5.      Conformismo de Massas: Não há problema algum em conformar-se aos desejos de uma pessoa, se isso vai nos beneficiar, em última análise. Mas só os idiotas seguem as massas, permitindo que uma entidade impessoal dite as regras. O segredo é escolher um mestre sabiamente, em vez de ser escravizado pelos caprichos das massas.
6.      Falta de Perspectiva: Jamais podemos esquecer quem e o que somos, e que ameaça podemos ser, apenas por existirmos. Estamos prestes a fazer história, nesse preciso momento, todos os dias. Temos sempre que manter uma ampla visão história e social. Observe os padrões e encaixe as peças como pretende que elas se encaixem. Não seja coagido pelas restrições das massas – entenda que você funciona em um nível diferente do resto do mundo.
7.      Esquecimento de Ortodoxias Passadas: Essa é uma das chaves para a lavagem cerebral que é feita com as pessoas para levá-las a aceitar algo novo e diferente, quando na realidade é algo que outrora foi amplamente aceito, e agora é apenas apresentado em uma nova embalagem. Espera-se que deliremos com o gênio do criador e esqueçamos o original – isso cria uma sociedade descartável.
8.      Orgulho Contraproducente (Contraditório): O importante está na segunda palavra. O orgulho é ótimo até o momento em que você não sabe discernir o necessário daquilo que não vale pra você. A regra do Satanismo é: se funciona para você, ótimo. Quando deixar de funcionar para você, você estiver encurralado e a única forma de resolver a situação é dizendo: “lamento, cometi um erro, quero chega a um meio termo, compensar de alguma forma”, faça isso.

9.      Falta de Estética: É a aplicação física do Fator de Equilíbrio. Obviamente que ninguém consegue, na maioria das vezes, ganhar dinheiro com beleza e forma, por isso são desencorajados numa sociedade consumista. Mas um olhar para a beleza, para o equilíbrio, é essencial e deve ser aplicado para maximizar a eficácia da magia.

Simbologia
- O Pentagrama Invertido: segundo os Satanistas, as três pontas voltadas para baixo do Pentagrama Invertido representam a negação à Santíssima Trindade. As duas superiores indicam o contraste entre pontos de equilíbrio que regem o Universo (criação X destruição; positivo X negativo; masculino X feminino; ação X reação; vida X morte; etc.). O símbolo, como um todo, representa o desejo físico acima da espiritualidade, como algo supremo.
- Baphomet: uma entidade de origem pagã, da era Pré-Cristã, ou seja, existia muito antes do próprio Satanismo surgir. É visto como uma energia da Natureza. Sua mistura de cabra com homem representa a força, a fertilidade e a liberdade – princípios de muitas crenças pagãs.
- Cruz Invertida: também conhecida como a Cruz de São Pedro (1 a.C – 67 d.C.), apóstolo de Jesus e Primeiro Bispo de Roma. Pedro foi acusado como cúmplice no incêndio de Roma e condenado à morte, mas não se achava digno de morrer crucificado como o Cristo. Assim, a cruz em que seria crucificado foi invertida. O símbolo é utilizado pelos Satanistas como uma negação aos dogmas cristãos, uma vez que as cerimônias realizadas no Satanismo são consideravas avessas ao Cristianismo.
- Satã: é considerado o símbolo de choque conta todos os valores instituídos pela Igreja. Assim, Satã representa o Opositor, liderando o homem para a assunção de sua verdadeira natureza. A palavra “Devil” pode ser encontrada em duas formas. No grego “diábolos”, pode ser traduzida como “slanderer”, ou “aquele que acaba com a reputação de alguém” – no caso, a reputação da Igreja. Mas há uma palavra no híndi, “devi”, que pode ser traduzida por “god”, ou “deus”.


quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Série: Religiões - SATANISMO (Parte 1)

            Ao falar em Satanismo, a primeira coisa que vem à mente é a “Adoração ao Diabo”. Pois bem, essa é uma das interpretações, a mais recentes, do nosso Mundo Contemporâneo. Mas há outra concepção, datada da Idade Média, a ligação com toda religião e crenças do período Pré-Cristão, ou as religiões não cristãs. Diferente do Cristianismo, o Satanismo, em si, não cultua um deus ou um ser divino, porque para eles o homem é divino. Pode ser dividido em quatro vertentes: o Luciferianismo, o Satanismo Gótico, os Dabblers Satânicos, e o Satanismo Religioso.


- Luciferianismo
            Não é exatamente um culto a Lúcifer – aqui, visto como um anjo, e não como a personificação do mal –, mas o enxergam como uma referência para alcançar a iluminação, a sabedoria, o orgulho, a independência e liberdade. Não é constituído por dogmas a serem seguidos, é praticado de forma individual.
            Não se sabe afirmar quando se originou, precisamente. Mas há indícios de que seus preceitos foram representados em diversas culturas, através da simbologia da serpente ou do dragão – como no Egito, na Babilônia, na Pérsia, e entre os Incas. Na Bíblia, também podem ser encontradas alusões à serpente, como no livro de Gênesis, no terceiro capítulo – em que a serpente tenta Eva a experimentar o fruto proibido.
            Os adeptos do Luciferianismo têm Lúcifer como o ser criador, onipotente e onipresente. Ele abriga dentro de si a Luz e as Trevas, permitindo então o equilíbrio dos dois elementos, que são considerados indispensáveis para a evolução da espécie humana.

- Satanismo Gótico
            Nesse caso, o “gótico” se refere ao período medieval. Foi uma religião “do mal” criada pela própria Igreja, durante a Idade Média. A Igreja dizia que as bruxas adoravam Satã, matavam crianças para seus rituais, vendia as suas próprias almas ao Diabo, quebravam os crucifixos, realizavam missas negras, chamavam tempestades para destruir as plantações, causavam doenças aos animais e homens etc. Diziam que elas viviam apenas para acabar com a vida dos outros.
            Essa lenda sobre o culto a Satã deu origem à “Caça as Bruxas”, em que dezenas de pessoas foram queimadas vivas acusadas de heresia, portadoras de distúrbios mentais, e tantas outras foram enforcadas.
            Isso serviu para colocar medo nos cristãos, impedindo que eles saíssem do controle da Igreja, como também serviu de acusação nos processos inquisitórios. Mas também ajudou a disseminar a imagem de que o Satanismo é um culto ao Diabo cristão, causando grandes transtornos para o Satanismo Religioso.

- Dabblers Satânicos
            Os Dabblers estão ligados ao modismo adolescente. A palavra “dabbler” remete a “entusiasta”. Eles praticam rituais esporádicos, com o sacrifício de pequenos animais. São adeptos do anticristianismo e adoram o demônio cristão. São considerados os “Adoradores do Demônio” e, vez ou outra, promovem atos delinquentes e alguns crimes sérios, como a pedofilia e assassinato, nos quais se dizem motivados pelo próprio Satã.

- Satanismo Religioso
            É a forma mais difundida do Satanismo no Mundo Contemporâneo. A “Church of Satan” (Igreja de Satã) foi fundada em Chicago, no dia 11 de abril de 1930. O fundador foi Anton LaVey.
            Nessa vertente, Satã é respeitado em sua forma original pagã, do período Pré-Cristão. É considerado muito mais como um princípio do que uma divindade. Os Satanistas não adoram Satã, porque eles têm isso como uma filosofia. Cada homem se reconhece como um deus – ou seja, o homem é divino e capaz de alcançar o mais alto nível da evolução. Para os Satanistas, somos simples animais que evoluem, como em qualquer outro sistema complexo. Para eles, cada um é o seu próprio salvador, responsável por sua própria vida.
            Os Satanistas que acreditam em Satã ou em Set como entidades não demonstram adoração por esses (como por exemplo, os Cristãos adoram e rezam para o seu Deus). Eles acreditam que o homem deve atender a seus valores primitivos, e são defensores dos “Sete Pecados Capitais”, alegando que todos eles levam o homem à satisfação física, mental e emocional. Por exemplo, se uma pessoa come mais que o necessário (o pecado da Gula), vai engordar. Mas, se ela não está se importando com sua aparência física, e gosta do modo como ficou, isso é bom para ela (o pecado do Orgulho).

            Com isso, percebe-se que o Satanismo não tem uma concepção sobre o Bem e o Mal, ou sobre o Céu e o Inferno, justamente porque ele não acredita em uma divindade, apenas em uma entidade energética.

Os Rituais Satânicos
            São alguns tipos de rituais vinculados ou praticados pelos Satanistas.
            O primeiro é o sacrifício de homens e animais. Esses, não são praticados pelos seguidores do Satanismo do Mundo Contemporâneo, embora existam evidências de que pessoas que se diziam Satanistas praticavam sacrifícios no passado. Um sacrifício é feito como uma oferta para acalmar uma divindade, um deus, e como o Satanismo não cultua nenhuma divindade, não faria sentido praticá-lo. Outro objetivo do sacrifício era retirar toda a energia expulsada durante a morte da vítima, e canalizá-la na magia, em que o sacerdote a utilizaria para aumentar suas chances de ser bem sucedido.
            O segundo ritual é utilizado nos moldes atuais do Satanismo, e consiste na extração de grande energia interior, mas do próprio indivíduo, sem sacrificar o outro. É dito que o poder psicológico vem da libertação de energias em potenciais. Energias essas, como a do prazer intenso (orgasmo), ira descontrolada, pânico, dor violenta etc. O Ritual do sexo é muito mais utilizado, buscando criar desejo por parte da outra pessoa, ou mesmo convocar o desejo de alguém para que você possa satisfazer sua vontade pessoal.
            O terceiro é o ritual de compaixão. Ele é utilizado para o engrandecimento do próprio indivíduo. É quando o indivíduo pratica a compaixão pela terra, porque é uma coisa viva como todos os seres vivos. O indivíduo disponibiliza o seu tempo para as pessoas que cometeram deslizes, sabendo que você está ajudando animais que não tiveram a chance de viver.
            Há, também, o ritual de destruição. É conhecido como “feitiço” ou “maldição”. Nele, você sacrifica o outro simbologicamente. Ou seja, você utiliza algo da pessoa e faz um encantamento para que ela seja destruída nos aspectos mental, físico e emocional. Mas isso não é com qualquer um, os Satanistas o fazem em situações específicas, quando acham que aquela pessoa, de fato, merece aquilo, ou quando alguém sai do seu próprio caminho para vir para sua vida, apenas com o propósito de te fazer sofrer. É aí que você aplica a destruição!

Leia aqui a segunda e última parte da matéria.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Conto: O Fruto do Conhecimento


A noite era fria. Um vento úmido e gelado corria pelo quarto. Levante-me para fechar as janelas que ainda estavam abertas. Fechando a janela da sala, percebi algo ao lado de fora. Lá em cima, no alto das Colinas Gêmeas, havia uma silhueta perambulando de um lado para o outro, debaixo da Árvore Santa.
            Então, a figura que andava parou. Estava muito escuro para conseguir enxergar, mas parecia que estava olhando em minha direção. Senti um arrepio na nuca. Era como um breve suspiro em minhas costas. Olhei para trás, aturdida, mas não havia ninguém – era só uma má-impressão. Quando voltei a olhar para as Colinas Gêmeas, a silhueta não estava mais lá. Somente a Árvore Santa, com seus galhos e folhas balançando com o forte vento que tomava conta de tudo.
            Fechei as cortinas e voltei para o meu quarto. Enquanto me arrumava debaixo das cobertas, senti um breve aroma. Era cedro. Vinha da Árvore Santa, provavelmente. Bebi um gole do chá de gengibre e apaguei a luminária.
            Estava um silêncio infinito.
            Eu não ouvia nada além daquele zumbido interior, de quando tudo está quieto e seu ouvido fica tentando localizar algum som. Fechei os olhos. Enfim, o meu corpo cede ao cansaço e eu durmo. Ou, ao menos, acredito estar dormindo.
            Comecei a enxergar um foco de luz vindo da cozinha. De imediato, pensei que fosse um sonho. Levantei-me e fui até a claridade, que se apagou quando me aproximei. Foi aí que percebi que eu estava, de fato, acordada, na cozinha. Fiquei meio assustada. Aquilo nunca havia acontecido. Não sou sonâmbula.
            Enquanto voltava ao quarto, senti novamente aquele aroma. Cedro.
            Abri a janela da sala e olhei para as Colinas Gêmeas. A Árvore Santa agora estava estável. Já não ventava mais. Então de onde teria vindo o cheiro de cedro?
            Para meu espanto, enquanto eu pensava naquela hora da noite, alguém bateu à porta de casa. Fiquei tensa. Já passavam das duas horas da manhã e eu não esperava por visitas. Pensei na silhueta que caminhava no alto das colinas. Voltei para o meu quarto e fechei a porta, mas continuavam a bater na porta da sala, insistentemente.
            Destranquei a porta do quarto e peguei a primeira coisa que vi na frente que, por sinal, era um guarda-chuva. Caminhei em passos lentos e silenciosos até a sala. Perguntei quem estava batendo, mas não ouvi resposta. Perguntei mais uma vez, e nada. Então, sentei-me no sofá e ali fiquei.
            O aroma de cedro se intensificou. Junto, um cheiro de queimado se alastrou por minha casa. Corri até a janela da sala e vi o que acontecia. A Árvore Santa estava em chamas. Alguém havia iniciado um incêndio naquela árvore gigantesca. Seus galhos, queimados, caíam enquanto as folhas secavam.
            Quem estava ao lado de fora de casa voltou a bater na porta. Dessa vez, impacientemente. Parecia que minha porta ia cair a qualquer instante. Segurei firme o guarda-chuva. Perguntei mais uma vez quem era. Mas não houve resposta. Decidida, e com muito medo, abri a porta. E não havia ninguém. Ninguém. Coloquei a cabeça para fora, olhando de um lado para o outro e não encontrei vestígio de que havia alguém ali.
            Peguei meu celular e disquei o número da polícia. Assim que atenderam, falei que havia colocado fogo na Árvore Santa, e a atendente ficou surpresa. Fui informada de que deveria ligar para os bombeiros, mas expliquei que não era apenas aquele o motivo de minha ligação. Contei que havia alguém batendo na porta de casa e que estava escondido lá fora. Ela ia dizer algo quando a ligação caiu. Tentei discar novamente, mas o meu celular estava sem sinal. Tentei pelo telefone fixo, mas não havia linha. Tentei ligar o notebook, mas ele não ligava de jeito nenhum.
            Entrei em desespero e comecei a gritar por socorro.
            Eu assistia a árvore morrer a cada segundo. Era desesperador. E eu morreria também, dependendo de quem estivesse lá fora. Chorei como criança. Então, vi que o fogo apagou magicamente. Em seguida, começou a cair um temporal. A fumaça do que havia se queimado subia e se misturava ao vento úmido da chuva. Era uma cena assustadora. E ouvi, novamente, alguém bater na porta.
            Não hesitei. Busquei uma faca na cozinha e fui até a sala. Em frente à porta, abri-a com cuidado. Havia um homem de meia-idade, com cavanhaque e vestido com roupas de frio. Ele mantinha os olhos fixos nos meus, como se desejasse ver o meu interior.
            Perguntei, com a voz trêmula, quem ele era e o que ele queria. Ele sorriu. Foi um sorriso bonito, mas carregava um ar de mistério. Ele fez menção de entrar na sala, quando levantei a faca, ameaçando-lhe. Mais uma vez, ele sorriu. Apontou para a janela que dava vista para a Árvore Santa, olhando o resto da árvore milenar. Finalmente, ele falou. Ele me disse que aquilo não era nada. Aquilo não era nada comparado ao que podia fazer com todo o seu poder. Tencionei os meus ombros, amedrontada. Mas ele disse que nada faria contra mim, pois eu já havia feito. Questionei-lhe sobre o que se referia, e ele riu mais uma vez. Senti um impulso tomar meu braço e lancei a faca que eu segurava contra o seu peito.
            Para a minha surpresa, e pânico, nada aconteceu.
            Ele continuou sorrindo. E ali eu percebi, era um sorriso maléfico, perverso.
            Eu não sabia o que fazer. Eu não sabia quem ele era e nem o que ele queria. Eu não sabia o que viria depois, nem imaginava o rumo que minha vida tomaria depois daquela madrugada. Perguntei, de novo, quem ele era.
            Dessa vez, ele respondeu. Mas eu preferia nunca ter ouvido aquela resposta.
            “Sou aquele que não mente. Sou aquele que quer apenas estar entre a humanidade. Sou aquele que quer ser humano e, por desejar ser humano, fui arremessado de meu posto ao lado de meu pai.” Foi o que ele me respondeu. Não era brincadeira. Não era uma piada. Aqueles olhos não eram de brincadeiras.
            Quando me dei conta, eu estava me desfazendo em lágrimas. Eu chorava como quem vê a morte à sua frente e não quer morrer. Eu chorava como quem perde o pai, a mãe. Eu chorava como quem chora quando não sabe o seu destino. E ele continuava ali, sorrindo e me observando.
            Perguntei, pela última vez, o que ele queria comigo. E ele disse. Disse que queria me mostrar a verdade. Que ele era a verdade, e não o que toda a humanidade acreditava que fosse. Ele me disse que jamais tirou a vida de alguém por mera demonstração de poder, ou para castigar, ou para satisfazer o seu ego. Não. Ele agia apenas por vingança. E ele agiria vingativamente até o fim, quando pudesse retornar ao seu posto e dizer ao seu pai que tudo o que ele queria era ser amado, como os humanos foram amados.
            Ali, notei o quão tola fui de questioná-lo e desejar saber sobre ele. Minha vida mudou dali em diante. Ele foi embora antes que eu pudesse perguntar ou falar qualquer outra coisa. Ele desapareceu. Nunca mais o vi.
            Mas eu ainda o sinto. Sinto sua presença como jamais senti.
            Agora, tenho um turbilhão de confusões em minha mente. Minha vida se danou desde então. Agora eu sei a verdade. Eu sei as duas verdades. E vou carregá-las até o fim de meus dias, tentando saber qual é a verdade, de fato. E isso me consome. Isso me angustia. Há dias em que desejo morrer, apenas para ter a certeza de que aquele homem estava sendo verdadeiro ou não.
            Fui tomada pelo desejo de saber a verdade. Fui tomada pelo conhecimento.

sábado, 17 de maio de 2014

Ser e Falar. A fenda entre as duas posições.


Sempre há aquelas pessoas que dizem que temos que ser assim, ou daquele jeito. Ou daquele outro.
Sempre há aquelas pessoas que ditam que devemos fazer assim, ou daquela forma. Ou daquela outra.
Existem, ainda, as pessoas que querem que pensemos como elas, ou daquela forma. Ou daquela outra.

Depois de seguir todos esses passos, essas "receitas" de como viver na sociedade, dei-me conta de que nenhuma pode ser seguida. Aliás, poder ser seguida, pode...

Um dia eu acordei e me dei conta de que há um abismo sem fim entre o SER e o FALAR.
Há pessoas que falam tanto, se dizem o modelo pra tantas coisas. E, no fim, não conseguem resolver os próprios problemas.
Não que isso seja recriminável. Mas é estranho. Se você fala tanto como ser alguém, porque você não é esse alguém?

Por causa dos medos. Os medos de anos ainda assombram.
Mas como conseguem falar como o outro deve vencer o seu medo se elas mesmas não conseguem vencê-lo? É isso que me inquieta.

Pare de falar. Aja mais. Seja aquele que você cria em seus sofismas.
Não vou lutar pelo outro sem antes eu lutar por mim. Não vou tentar mostrar os benefícios da mudança ao outro, sem antes eu conseguir enxergar estes benefícios.

Goste de quem você é, e não do que você diz ser.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

POEMA - Ouvi que nada queres aprender


Ouvi que nada queres aprender,
Presumo assim que sejas abastado.
Teu futuro, nada escuro — é como um farol
A iluminar-te. Anteparo seus pais deixaram
E cairias em pedras se por isso não o fosse.
Por conseguinte, nada tens que aprender.
Persistir, tu podes, na figura que és.

Dificuldades, quando houverem —
Em algum lugar ouvi que volúvel é o tempo —
Escutarás de seus mentores
O que fazer, precisamente, para penúrias não sofreres.
Eles estudaram com outros tantos
O saber da verdade,
De como é, sempre, valiosa.
De seus preceitos para ajudar-te.

Sendo servido em demasia,
Tu nem mesmo eleva um dedo.
É certo que, se tudo fosse de outra forma,
De tudo terias que aprender.


O poema acima é uma tradução minha do original "I've heard you don't want to learn anything", de Bertolt Brecht.
Brecht nasceu e viveu na Alemanha, entre 1898 e 1956. Foi marxista - compreendendo o homem como um ser social capaz de trabalhar e desenvolver a produtividade no trabalho, progredindo e evoluindo em suas potencialidades humanas. Suas obras focavam na crítica às relações humanas dentro do sistema capitalista.

A maior dificuldade na tradução está relacionada à escolha dos tempos verbais. Muitas vezes utilizei o presente do indicativo para caracterizar uma ação que está ocorrendo no momento e enfatizar uma afirmação considerada incontestável. Escolhi, também, o presente do subjuntivo – “sejas” – por representar uma ideia hipotética. Consegui brincar com a sonoridade de “futuro” e “escuro”, fazendo um link com a metáfora do farol.Pelo poema não possuir um padrão de rimas, acredito que tenha dificultado o processo de tradução – o maior desafio –, uma vez que eu tenha ficado preocupado em como passar, então, o poema para o português de modo que se contextualizasse ao período em que o poema foi escrito.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Vivemos por fé, e não pelo que vemos.


Fé. O que é a fé para você? É Deus? É religião? É crença? É sentimento?
É mais que isso. É mais que acreditar. É insistir, investir com tudo o que se possui, naquilo que se acredita.
É quando, mesmo as pessoas dizendo-lhe que é incerto, que não é certo, ou que seja certo, você continua acreditando - porque aquilo é o que te move.

A fé é o que te move, te faz perseguir os seus desejos, os seus anseios, os seus ideais. Ao mesmo tempo, a fé é o que te mantém firme, inabalável, nos momentos mais difíceis de sua vida. A fé é como uma âncora, que não vai deixar você se perder durante as tempestades, e vai dificultar um pouco quando você precisar seguir em frente - a menos que você conheça a sua fé.

A fé envolve Deus, pra quem acredita. A fé envolve Ciência, pra quem acredita. A fé envolve pessoas, pra quem acredita. A fé envolve sentimentos, pra quem acredita.

Para quem acredita, é tudo uma questão de Fé.

domingo, 25 de agosto de 2013

Então deixe brilhar!



Dias claros. Noites densas. Ele preferia os dias, porque as noites lhe davam incerteza sobre o dia seguinte. Aquela silente escuridão lhe causava agonia. Já os dias luzentes lhe proporcionavam esperança, uma vontade de seguir.

Mas de que adiantam dias sem noites? As noites ensinam tanto quanto os dias. A tormenta o preparava para possíveis tormentas que ainda viriam. Era necessário que ele trilhasse por aquele caminho, aquilo o engrandeceria.

E naquele dia ele acordara diferentemente dos dias anteriores. Enxergou o brilho do sol, deveras.
Sentiu a vontade de experimentar o que a vida tinha para ofertar. Sentiu a necessidade disto.
Não é possível ver histórias novas sem antes virar a página do livro. E ele, então, virou.
E viu um mundo de novas possibilidades.

domingo, 28 de julho de 2013

Uma jornada? Um passeio?


A jornada é longa. O fim parece inalcançável. Mas, acredite, não é.
Pelo pior você já passou. Ou não. Mas se você já aguentou as tempestades, o frio congelante, o calor abrasador, a fome, a sede, o que vem a seguir não atinge você. E se atingir, não fará danos tão grandes como os que você sofreu até então.

Por mais que existam pessoas ao seu redor, te apoiando, te fazendo seguir em frente, é uma jornada em que você deve conseguir terminá-la sozinho. É só você. Você e a sua fé. É um caminho de buscas e redescobertas de todos os sentimentos existentes em você. É uma jornada de autoconhecimento.

Mantenha-se firme como tem se mantido até aqui.
Não dá pra saber se o fim desta jornada está próximo ou não. Mas dá pra saber que até aqui você já alcançou muita coisa. Coisas que só você sabe o valor que têm pra você. E isso, por si só, já é uma batalha vencida. Continue. Persista. Lembre-se que esta jornada vai apenas lhe trazer bem, conhecimento, experiência.

Se encontrar algum nômade pelo caminho, ouça-o. E também compartilhe a sua experiência.
E é só isso. Um dia de cada vez. E você se aproxima cada vez mais do seu destino.