terça-feira, 23 de junho de 2015

Tudo o que Jenifer sabia...



            Tudo o que Jenifer sabia era que, mais cedo ou mais tarde, ela acabaria explodindo (não literalmente, é óbvio, mas em relação aos seus sentimentos). Ela sabia o que podia ou não fazer e sabia sobre todas as consequências de cada decisão; talvez fosse exatamente isso que a impedisse de agir: saber.
            Saber das coisas não pode ser considerado, exatamente, um dom; está mais para uma maldição: você tem o conhecimento e isso te vai tornar alguém que pode enxergar as coisas, mas, ao mesmo tempo, isso te vai trazer uma série de angústias e noites em claro.
            Jenifer estava exatamente assim – a angústia lhe tomava conta e fazia-lhe não raciocinar direito; ela imaginava coisas, criava histórias absurdas que justificassem a sua vontade.
            Tudo começara há pouco mais de dez anos: no auge da maioridade, Jenifer havia feito a escolha de iniciar um relacionamento (e cada escolha vem com uma renúncia); mas a menina não imaginava que as renúncias seriam tantas. Após vivenciar vários relacionamentos diferentes e amadurecer com cada vivência, a moça havia chegado a um ponto crucial – percebera que não tinha o controle sobre muito do que lhe rondava; e, para ela, isso acabou sendo algo terrível.

            Mas, afinal, para que ter tudo sob controle?

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