quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Série: Religiões - SATANISMO (Parte 1)

            Ao falar em Satanismo, a primeira coisa que vem à mente é a “Adoração ao Diabo”. Pois bem, essa é uma das interpretações, a mais recentes, do nosso Mundo Contemporâneo. Mas há outra concepção, datada da Idade Média, a ligação com toda religião e crenças do período Pré-Cristão, ou as religiões não cristãs. Diferente do Cristianismo, o Satanismo, em si, não cultua um deus ou um ser divino, porque para eles o homem é divino. Pode ser dividido em quatro vertentes: o Luciferianismo, o Satanismo Gótico, os Dabblers Satânicos, e o Satanismo Religioso.


- Luciferianismo
            Não é exatamente um culto a Lúcifer – aqui, visto como um anjo, e não como a personificação do mal –, mas o enxergam como uma referência para alcançar a iluminação, a sabedoria, o orgulho, a independência e liberdade. Não é constituído por dogmas a serem seguidos, é praticado de forma individual.
            Não se sabe afirmar quando se originou, precisamente. Mas há indícios de que seus preceitos foram representados em diversas culturas, através da simbologia da serpente ou do dragão – como no Egito, na Babilônia, na Pérsia, e entre os Incas. Na Bíblia, também podem ser encontradas alusões à serpente, como no livro de Gênesis, no terceiro capítulo – em que a serpente tenta Eva a experimentar o fruto proibido.
            Os adeptos do Luciferianismo têm Lúcifer como o ser criador, onipotente e onipresente. Ele abriga dentro de si a Luz e as Trevas, permitindo então o equilíbrio dos dois elementos, que são considerados indispensáveis para a evolução da espécie humana.

- Satanismo Gótico
            Nesse caso, o “gótico” se refere ao período medieval. Foi uma religião “do mal” criada pela própria Igreja, durante a Idade Média. A Igreja dizia que as bruxas adoravam Satã, matavam crianças para seus rituais, vendia as suas próprias almas ao Diabo, quebravam os crucifixos, realizavam missas negras, chamavam tempestades para destruir as plantações, causavam doenças aos animais e homens etc. Diziam que elas viviam apenas para acabar com a vida dos outros.
            Essa lenda sobre o culto a Satã deu origem à “Caça as Bruxas”, em que dezenas de pessoas foram queimadas vivas acusadas de heresia, portadoras de distúrbios mentais, e tantas outras foram enforcadas.
            Isso serviu para colocar medo nos cristãos, impedindo que eles saíssem do controle da Igreja, como também serviu de acusação nos processos inquisitórios. Mas também ajudou a disseminar a imagem de que o Satanismo é um culto ao Diabo cristão, causando grandes transtornos para o Satanismo Religioso.

- Dabblers Satânicos
            Os Dabblers estão ligados ao modismo adolescente. A palavra “dabbler” remete a “entusiasta”. Eles praticam rituais esporádicos, com o sacrifício de pequenos animais. São adeptos do anticristianismo e adoram o demônio cristão. São considerados os “Adoradores do Demônio” e, vez ou outra, promovem atos delinquentes e alguns crimes sérios, como a pedofilia e assassinato, nos quais se dizem motivados pelo próprio Satã.

- Satanismo Religioso
            É a forma mais difundida do Satanismo no Mundo Contemporâneo. A “Church of Satan” (Igreja de Satã) foi fundada em Chicago, no dia 11 de abril de 1930. O fundador foi Anton LaVey.
            Nessa vertente, Satã é respeitado em sua forma original pagã, do período Pré-Cristão. É considerado muito mais como um princípio do que uma divindade. Os Satanistas não adoram Satã, porque eles têm isso como uma filosofia. Cada homem se reconhece como um deus – ou seja, o homem é divino e capaz de alcançar o mais alto nível da evolução. Para os Satanistas, somos simples animais que evoluem, como em qualquer outro sistema complexo. Para eles, cada um é o seu próprio salvador, responsável por sua própria vida.
            Os Satanistas que acreditam em Satã ou em Set como entidades não demonstram adoração por esses (como por exemplo, os Cristãos adoram e rezam para o seu Deus). Eles acreditam que o homem deve atender a seus valores primitivos, e são defensores dos “Sete Pecados Capitais”, alegando que todos eles levam o homem à satisfação física, mental e emocional. Por exemplo, se uma pessoa come mais que o necessário (o pecado da Gula), vai engordar. Mas, se ela não está se importando com sua aparência física, e gosta do modo como ficou, isso é bom para ela (o pecado do Orgulho).

            Com isso, percebe-se que o Satanismo não tem uma concepção sobre o Bem e o Mal, ou sobre o Céu e o Inferno, justamente porque ele não acredita em uma divindade, apenas em uma entidade energética.

Os Rituais Satânicos
            São alguns tipos de rituais vinculados ou praticados pelos Satanistas.
            O primeiro é o sacrifício de homens e animais. Esses, não são praticados pelos seguidores do Satanismo do Mundo Contemporâneo, embora existam evidências de que pessoas que se diziam Satanistas praticavam sacrifícios no passado. Um sacrifício é feito como uma oferta para acalmar uma divindade, um deus, e como o Satanismo não cultua nenhuma divindade, não faria sentido praticá-lo. Outro objetivo do sacrifício era retirar toda a energia expulsada durante a morte da vítima, e canalizá-la na magia, em que o sacerdote a utilizaria para aumentar suas chances de ser bem sucedido.
            O segundo ritual é utilizado nos moldes atuais do Satanismo, e consiste na extração de grande energia interior, mas do próprio indivíduo, sem sacrificar o outro. É dito que o poder psicológico vem da libertação de energias em potenciais. Energias essas, como a do prazer intenso (orgasmo), ira descontrolada, pânico, dor violenta etc. O Ritual do sexo é muito mais utilizado, buscando criar desejo por parte da outra pessoa, ou mesmo convocar o desejo de alguém para que você possa satisfazer sua vontade pessoal.
            O terceiro é o ritual de compaixão. Ele é utilizado para o engrandecimento do próprio indivíduo. É quando o indivíduo pratica a compaixão pela terra, porque é uma coisa viva como todos os seres vivos. O indivíduo disponibiliza o seu tempo para as pessoas que cometeram deslizes, sabendo que você está ajudando animais que não tiveram a chance de viver.
            Há, também, o ritual de destruição. É conhecido como “feitiço” ou “maldição”. Nele, você sacrifica o outro simbologicamente. Ou seja, você utiliza algo da pessoa e faz um encantamento para que ela seja destruída nos aspectos mental, físico e emocional. Mas isso não é com qualquer um, os Satanistas o fazem em situações específicas, quando acham que aquela pessoa, de fato, merece aquilo, ou quando alguém sai do seu próprio caminho para vir para sua vida, apenas com o propósito de te fazer sofrer. É aí que você aplica a destruição!

Leia aqui a segunda e última parte da matéria.

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