segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Conto: Mais bela do que eu? - PARTE 1

O conto a seguir é uma adaptação que fiz para o conto "Branca de Neve e os Sete Anões".

Beatriz é uma jovem de dezoito anos que perdeu o pai recentemente. Com isso, a Kingdom - grande empresa do ramo de segurança - foi deixada para ela e sua madrasta, Milena di Aba. Milena é uma modelo conhecida internacionalmente por sua beleza exuberante, mas está prestes a travar um embate com sua enteada, que está ganhando o título de mulher mais bela do mundo.

Mais bela do que eu?


            Beatriz era uma bela menina. Aos doze anos de idade, já era dona de corpo e mente maduros. A menina vivia com o pai, Raul, dono de uma empresa multinacional muito influente no mercado de segurança – oferecia sistemas de vigilância e equipamentos de segurança ao mundo inteiro – e, por isso, era considerado um grande homem.
            Na época, o homem (que era viúvo) casara-se com uma famosa modelo das passarelas internacionais, Milena di Aba. A mulher era linda, da cabeça aos pés, vestia-se sempre com as roupas mais glamourosas, mas possuía um gênio forte e um ar arrogante. A pequena Beatriz aceitava muito bem o matrimônio, pois sabia que aquilo devolveria a alegria de seu pai.
            Mas, mesmo assim, Milena não gostava da menina; isso, porque a criança tinha muitas semelhanças de sua progenitora, a primeira esposa de Raul. Beatriz tinha a pele cor de ébano, os olhos pretos como jabuticaba, e vivia com o cabelo lindamente trançado. Por causa disso, a mulher evitava o contato com a enteada.
            Pouco depois do aniversário de dezoito anos de Beatriz, Raul sofreu um infarto e faleceu, deixando a Kingdom, a sua grande empresa, aos cuidados das duas mulheres de sua vida. Milena adorou a ideia de comandar aquele império, e se instalou na sala da presidência, no último andar do prédio. Ela contratou dois funcionários particulares: Arthur, seu segurança particular, e Victor Vitral, seu assessor e secretário há mais de vinte anos.
            Certo dia, enquanto estava mergulhada na papelada da empresa, Milena encontrou uma fotografia da falecida mãe de Beatriz. No mesmo instante, ela rasgou a fotografia e chamou Victor.
            — Sim, senhora? — prontificou-se o assessor.
            — Victor, você que já convive comigo há muito tempo, que já viu todo tipo de mulher nas passarelas ao redor do mundo... — comentou Milena. — Você já achou que alguma delas fosse mais bela do que eu?
            — Ora... — respondeu Victor, convicto. — Nas passarelas? Claro que não!
            — Que bom — o sorriso dela foi maquiavélico.
            — Mas a sua enteada... — interviu ele. — Ela é linda demais! Estonteante. Jamais vi algo assim!
            — Como? — Milena saltou de sua poltrona, surpresa.
            — É, senhora — reafirmou o secretário. — Acho que a Beatriz passou na fila da beleza mais de uma vez.
            — Victor, deixe-me só — ordenou a mulher.
            — Como quiser, senhora — disse Victor, saindo da sala.
            Milena ficou louca com aquilo. Como poderia ser verdade? Victor Vitral era o homem mais honesto que ela conhecia. Mas ela reinava sobre as passarelas internacionais; chegou a ser coroada Miss Universo. Saber que a sua enteada era tida como a mais bela deixava-lhe angustiada.
            A mulher pressionou um botão na mesa e, logo em seguida, um homem entrou na sala. Era Arthur, o segurança particular de Milena. O homem media quase dois metros de altura e sempre estava vestido com um terno preto.
            — Em que posso ajudá-la, senhora? — perguntou ele.
            — Arthur, preciso de um grande favor seu — respondeu Milena, oferecendo uma poltrona ao funcionário. — Como bem sabe, tenho alguns problemas com a minha enteada. Aquela menina está prestes a afundar a Kingdom, e eu não vou permitir isso.
            — E o que eu devo fazer? — Arthur já esperava pelo pior. Antes de trabalhar para Milena di Aba, o homem era um assassino de aluguel.
            — Bem, preciso que dê um sumiço na menina — sugeriu ela. — A Beatriz disse que virá aqui hoje. Ela quer ver como está a empresa de seu pai. Então, é a sua chance.
            — Tudo bem, senhora — concordou Arthur.
            — Mas você precisa fazer algo — alertou ela. — Eu quero uma fotografia, uma prova de que você terá acabado com a beatriz. Faça isso e terá a minha eterna gratidão.
            — Não vou querer apenas a sua gratidão — avisou o segurança.
            — Vá! — exigiu Milena.
            Assim, Arthur desceu até o piso térreo, onde esperaria pela chegada da menina. Enquanto isso, Milena entrou numa sala secreta, que ficava escondida atrás da estante de livros, e desapareceu na escuridão.


Leia aqui a Parte 2 da história; e, aqui, a Parte 3.

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