Nos encontramos, hoje, em uma grande discussão sobre reduzir ou não a maioridade penal. E onde ficamos, nisso?
Essa discussão tem que ir muito mais além do que o simples olhar de punição.
Sabemos que o sistema carcerário brasileiro vive um estado de total descrédito, já que as chances de reabilitação são quase nulas. Enquanto que, em contrapartida, temos um momento de violência acentuada.
Mas acredito que o povo queira essa redução somente para reduzir a sensação de impunidade. O argumento que sempre sai da boca do povo é o seguinte "Se ele tem idade para votar, tem idade para ir preso!". Uma visão simplista, pois a maioria não pensa que para dirigir, por exemplo, é necessário completar os 18 anos de idade.
Além do que, esses adolescentes já são penalizados de acordo com a Lei. De acordo com seus atos, serão colocados em centros de internação específica para o seu ato, cumprindo uma medida socioeducativa. A punição não assusta o jovem. Se reduzirmos a maioridade penal para 16, teremos adolescentes de 14 anos cometendo tais atos; se reduzirmos para 14, teremos crianças de 12 anos, e assim será.
Falta clareza para entender que somos nós, a sociedade, que ajudamos a formar esses indivíduos.
Estamos lutando para a redução da maioridade penal, para que sejam punidos, mas esquecemos de quando andamos nas ruas o que mais vemos são crianças e adolescentes pedindo esmolas, usando drogas, totalmente desestruturados. Então, somente, apontamos, criticamos, julgamos e condenamos.
Esquecemos de que são humanos, e não o tratamos como tais.
O contexto em que nascemos e crescemos nos condicionou de que para conseguirmos dinheiro precisamos estudar muito, trabalhar muito para ganhá-lo. Para conseguirmos trazer alimento para dentro de casa, precisamos pagar por esse alimento. Tivemos exemplos de que a criminalidade não é o certo.
O contexto em que muitos desses jovens nasceram os condicionou de uma forma que eles entendessem a criminalidade como uma verdade única. Para conseguirem dinheiro, teriam de roubar de quem trabalha. Para conseguir alimento, teriam de roubar dos mercados. Para conseguir um bom status entre os seus, teriam de roubar e, se necessário, até matar! Os exemplos desses jovens foi de que a criminalidade é o caminho correto.
Por isso, não podemos nos deter apenas à nossa visão e ao que a mídia nos impõe.
Precisamos ser humanos e enxergar o outro como tal, ainda mais quando diz respeito ao que vai determinar sua vida.
Juntos, precisamos repensar em tudo isso e encontrar formas alternativas de solucionar o problema da violência. O que os políticos querem é encontrar medidas paliativas apenas para mostrar trabalho, já que estamos próximos das eleições.
Portanto, vamos nos questionar o seguinte: quais motivos levam os jovens a cometer tais atos? Como, então, podemos mudar esse cenário?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Me dê a sua opinião, pois será importante para o meu aperfeiçoamento e para que eu possa fixar em áreas específicas da preferência do público.