sábado, 25 de julho de 2015

MESSOREM: O Aprendiz da Morte (C. 3)



Capítulo 3 – Atualização de dados

            — Onde estamos? — perguntou Felipe assim que desceu do carro em frente a um casarão, aparentemente, abandonado.
            — Eu vivo aqui — respondeu o homem. — Vamos, entre!
            O homem abriu a porta do imóvel e Felipe entrou. Era tudo muito grande lá dentro: um vasto corredor que se estendia até uma porta de aço vermelha e enferrujada; diversas portas posicionadas em ambos os lados do corredor.
            — O que tem naquela porta? — Felipe apontava para a porta vermelha. O seu coração palpitava rapidamente.
            — Você vai saber, pode ir até lá — disse o homem.
            Felipe correu pelo corredor e, quando chegou à porta, parou e ficou observando aquela estrutura de aço; parecia um cofre.
            — Posso abrir? — perguntou Felipe.
            — Primeiro, deve buscar a chave — comentou o homem. — Segunda porta à direita, o taco de madeira que fica no meio do batente é falso; tire-o e você encontrará a chave.
            Em menos de dois minutos, Felipe estava de volta com uma chave enferrujada na mão esquerda:
            — Tome — o menino esticou o braço em direção ao homem, que pegou a chave e a girou na fechadura.
            Enquanto a porta abria, um rangido agudo incomodava os dois, que entravam num cômodo escuro e circular. No centro do cômodo, havia uma escada em espiral que subia uns dez metros. Felipe e o homem subiram pela escada até chegar noutro cômodo escuro.
            — Aqui, tem luz — disse o homem, passando a mão na parede e acendendo uma lamparina. — Seja bem-vindo.
            — O que é isso? — a sala não era muito grande: ao lado direito, uma parede repleta de retratos antigos e sem cor; ao lado esquerdo, uma túnica preta pendurada na parede; e, ao centro, uma mesa de madeira e, sobre ela, uma espécie de livro ao lado duma lâmina que media cerca de trinta centímetros.
            — Aquele é o traje que você deve utilizar sempre que for exercer a sua função — explicou o homem. — Deixará você mais forte, mais seguro. Aquele é o diário sobre o qual falei. E aquela...
            O homem e o menino encararam a lâmina; era comprida, curva e afiada.
            — Aquela será a sua arma — disse o homem, exibindo, novamente, aquele sorriso misterioso cheio de satisfação.
            — Mas eu já matei alguém — comentou Felipe, lembrando-se de Eduardo. — E eu usei uma faca... Não uma foice!
            — Não é uma foice — corrigiu o homem. — É uma gadanha. Muitos acabam cometendo um erro ao dizer que a Morte se utiliza duma foice para levar as suas almas; mas é uma gadanha.
            — ‘Tá. Tudo bem — concordou o menino. — Mas e o Eduardo? Eu larguei o corpo dele lá na casa dele... E se descobrirem?
            — Não descobrirão — garantiu o homem, virando-se para o menino. — Prometo a você: não descobrirão. Agora, precisamos tomar cuidado para as próximas almas.
            — Próximas? — Felipe achou estranho. Eduardo merecia, embora fosse um acidente tudo o que aconteceu; mas ele não faria o mesmo com ninguém mais.
            — Sim — confirmou o homem. — Você, agora, é um Ceifador. Ceifadores existem para isso: levar uma alma dum lugar a outro.
            — Mas... O que eu fiz com o Eduardo? — o menino começou a raciocinar sobre o que fizera.
            — Não, não! Não fique pensando nisso — pediu o homem. — O que está feito, está feito. Você fez o que era preciso... A hora dele havia chegado, assim como chegará a hora de muitos outros. Você ajudou a alma do Eduardo a desligar-se do corpo físico e seguir rumo ao destino dela.
            — Você tem razão. Não fiz nada de mais — concordou Felipe. — A essa hora, o Eduardo deve estar no Inferno.
            — Certamente — concordou o homem, passando a mão sobre os cabelos de Felipe. — Agora, você precisa ir. Fique com a chave e, sempre que precisar, pode vir buscar o seu material de trabalho. Esta sala é sua agora.
            — O que direi aos meus pais? — Felipe se lembrou de que a mãe havia ligado para ele enquanto ele estava na casa de Eduardo.
            — Garoto, você já tem 15 anos — lembrou o homem. — Não precisa ficar dando explicações a ninguém; a vida é assim.
            — Você está certo — os olhos do menino cintilavam. — Obrigado.
            Felipe partiu rumo à sua casa.

            Assim que chegou em casa, por volta das quatro da manhã, Felipe encontrou os pais, na sala, acordados:
            — Onde você estava? — questionou Julio, muito bravo.
            — Meu filho! — Marta abraçou o menino e desabou em prantos.
            — Eu estava passando mal — mentiu Felipe, de imediato. — Não quis acordar vocês, por isso saí.
            — Passando mal? — perguntou Julio. — E porque não atendeu à ligação da sua mãe?
            — Eu atendi, mas a bateria do celular acabou — Felipe retirou o aparelho do bolso e mostrou que estava desligado. — Desculpem. Estou com sono... Posso ir dormir?
            — Claro, meu filho! — Marta deu um beijo na bochecha do filho e o mandou para o quarto.
            — Marta! — Julio encarou a mulher após o filho entrar no quarto. — O que está fazendo? Ele some por horas na madrugada e você deixa ele ir dormir?
            — Julio, ele explicou o que aconteceu — contestou a mulher. — Deixa ele.
            Julio, então, cheio de desconfiança, sobe para o seu quarto e vai deitar com a sua esposa.

            No dia seguinte, após levantar e escovar os dentes, Felipe não desceu para tomar café; debruçou-se na janela do quarto e viu o sedan preto. Dentro do carro, o homem misterioso (o qual ainda não se havia identificado para o menino) lançava um olhar festivo para Felipe. Ele ainda causava-lhe arrepios.
            Felipe deu um breve aceno e fechou as cortinas; pegou o ultrabook sobre a escrivaninha e ligou o aparelho. Na tela e inicialização, uma janela piscava na área de trabalho: “Deseja verificar a atualização de dados do Messorem?”; “Sim”.
            Após clicar na opção, o programa foi aberto diretamente na aba Nomina:
            Eduardo Presto
            Luciana Pêra do Vale
            Gabriele Fontana
            Otávio Macedo
            Edivânia Costa da Silva
            José Fernandes de Abreu
            Marta Vicentini Ferraz
            Julio Vicentini Ferraz
           
            O nome de Eduardo estava tachado. De alguma forma, o programa identificara a ação de Felipe; sabia que o menino havia acabado com a vida de Eduardo.
            — Mas que merda é essa? — Felipe ficou pasmo quando ligou uma coisa à outra.
            O menino pegou a sua mochila no armário, desceu as escadas correndo e saiu da casa direto para o outro lado da rua, onde estava estacionado o sedan preto.
            — O que você ‘tá fazendo? — o menino, com um olhar de preocupação, perguntou ao homem misterioso. — Que droga toda é essa?
            — Você se refere a quê? — questionou o homem, passivo.
            — Aquele programa... O Messorem! — comentou Felipe. — Os nomes... Eu achava que eram algo qualquer, mas não; eu matei o Dudu e o nome dele apareceu riscado no programa!
            — Você quer montar um palco e contar para todo o bairro que você matou alguém? — o homem fez um alerta ao volume de voz do garoto.
            Felipe não respondeu; apenas lançou um olhar cheio de dúvida.
            — Entre no carro — ordenou o homem. — Agora!
            Sem questionar, o menino entrou e sentou no banco do passageiro. O carro preto, então, começou a andar e dar voltas no bairro.
            — O programa no seu computador funciona para você como o meu diário funcionou para mim — explicou o homem. — É uma espécie de agenda; vai mostrar tudo o que deve fazer.
            — Mas que porra é aquela? — Felipe estava nervoso. — O nome do Eduardo era o primeiro da lista e agora está riscado!
            — Conforme você pratica... — o homem pensou um pouco e preferiu rebuscar as palavras. — Conforme você completa os seus objetivos e adquire as suas conquistas, o programa fará atualizações para você. É por isso que o nome do Eduardo foi tachado; ele foi a sua primeira tarefa concluída com sucesso.
            — Você ‘tá zoando comigo — disse o menino. — Só pode!
            — Não brinco com essas coisas, Felipe — o homem estava sério, mas sereno. — Você é um aprendiz... Vai aprender tudo ao seu tempo.
            — Não quero mais isso! — disse Felipe, quase chorando. — Some da minha vida!
            — Mas... — antes que pudesse concluir, o homem teve de brecar o carro, pois Felipe abriu a porta e saiu sem mesmo preocupar-se com o que aconteceria ao sair com o carro em movimento.
            — Faça um favor a você — Felipe parou e olhou nos olhos do homem enquanto falava. — Desaparece ou eu faço com você o mesmo que fiz com o Eduardo!
            Um olhar penoso foi lançado contra Felipe. O homem demonstrou, ali, o quanto sentia pela decisão precipitada do menino. Imediatamente, o sedan preto deu partida e desapareceu quando fez curva na primeira esquina daquela rua.
            Felipe estava muito assustado. Se tudo o que o homem dissera fosse verdade, e se tudo o que ele havia relacionado fizesse sentido, o fim de tudo aquilo não seria bom. Marta, a sua mãe, estava naquela lista (era a penúltima); e Julio, o seu pai, o seu herói, deveria ser a sua última missão. Ele não queria aquilo para si; matar os próprios pais não fazia sentido algum.
            A única coisa que o menino queria era esquecer tudo o que fizera nos últimos dias; nada melhor que alguém muito amigo para ajudar na tarefa. Naquele dia, Felipe não foi para a escola; mas, naquele dia, Felipe também não voltou para casa. O menino decidiu ir dormir na casa dos tios com a sua prima preferida – Luciana.

sábado, 18 de julho de 2015

MESSOREM: O Aprendiz da Morte (C. 2)


Capítulo 2 – Cutucando as estrelas

            Enquanto jantava, à mesa, com os seus pais, Felipe não conseguia deixar de pensar no que o homem desconhecido dissera. Aquilo tudo parecia não fazer sentido algum.
            — Você está bem, filho? — perguntou Julio, o pai.
            — Sim, estou, pai — Felipe ergueu a cabeça e forçou um riso para fingir que estava bem. — Estou só preocupado com umas provas.
            — Quer ajuda? — Julio era o tipo de pai presente, que ajudava a família no que for necessário. Ver o filho naquele desânimo e naquela preocupação causava-lhe certa angústia por não saber como ajuda-lo.
            — Fica tranquilo — respondeu o menino, voltando a comer.
            Julio encarou a esposa, Marta; aquilo, definitivamente, não era tranquilo: Felipe era um menino extrovertido e muito falante, principalmente em casa.
            Marta piscou para o marido, tentando pedir-lhe que deixasse o garoto em paz.
            Assim que Felipe subiu para o seu quarto, o casal se sentou à mesa e entreolhou-se:
            — Ele, definitivamente, não está bem — concluiu Julio; a sua feição estava tensa.
            — Talvez seja a adolescência, os hormônios — sugeriu Marta, tentando ser otimista. — É normal nessa idade.
            — Não sei... — contestou Julio. — Ele estava tão bem há dois dias... Será que foi o presente que demos? Será que ele não gostou?
            — Julio, pelo amor de Deus! — Marta passou a mão sobre a nuca do esposo. — Adolescentes são assim, instáveis. Ele adorou o presente.
            Julio ainda não estava satisfeito; sabia que havia algo de mais com o filho, mas não forçaria a barra.
            No seu quarto, Felipe estava deitado e observando a rua pela janela. Não havia ninguém; nem o homem com o sedan preto. O garoto viu o ultrabook sobre a escrivaninha e pensou muito se o pegaria ou não; pegou.
            Logo que ligou o computador, o programa que estava aberto era o tal Messorem. Porém, havia uma aba diferente disponível para acesso; “Nomina”. Pesquisando o termo, Felipe descobriu que significava “nomes”. Clicou na aba imediatamente.
            Então, uma listagem com diversos nomes surgiu na tela:

            Eduardo Presto
            Luciana Pêra do Vale
            Gabriele Fontana
            Otávio Macedo
            Edivânia Costa da Silva
            José Fernandes de Abreu
            Marta Vicentini Ferraz
            Julio Vicentini Ferraz
           
            Ao ler o nome da mãe e do pai na listagem, Felipe nem se preocupou em terminar de ler os outros nomes. Ficou imaginando o que aquilo poderia significar; mas nada lhe surgiu à mente.
            Algumas daquelas pessoas, ele conhecia: eram vizinhos ou alunos da mesma escola. Mas ele não havia digitado aqueles nomes e sabia que os seus pais também não tinham a senha do computador.
            O sono bateu e Felipe decidiu dormir; fechou a tampa do ultrabook e o colocou sobre a escrivaninha. Antes de cobrir o rosto duma vez e dormir, viu de relance alguém na rua – era o homem desconhecido, mais uma vez, com o seu sedan preto. Felipe deitou e fechou os olhos, forçando-se a dormir.
            No meio da noite, Felipe acordou; puxou o celular no parapeito da janela e olhou as horas – 2h35. O menino sentiu uma imensa vontade de levantar-se da cama; e o fez. Felipe calçou um tênis preto, vestiu um jeans escuro e uma blusa preta e saiu do quarto.
            O corredor estava vazio; as luzes apagadas – os seus pais estavam dormindo. Felipe desceu até o andar debaixo e saiu da casa; embora estranhasse aquilo, o menino não parou nem por um instante; seguiu pela rua passando por quatro casas vizinhas.
            De frente a um sobrado pintado de branco, o menino encarava a janela no segundo andar; era a casa de Eduardo Presto, um colega de escola. Na verdade, Dudu (como era chamado pelas meninas da escola) era um menino arrogante que vivia humilhando os garotos nerds da escola.
            Certa vez, Eduardo havia chamado Felipe de “vara de cutucar estrelas” – é que Felipe sempre fora o mais alto e o mais magro da turma; mas isso deixou o menino muito zangado e magoado, embora nunca tivesse feito nada para se vingar.
            Por um momento, Felipe estranhou estar ali, quase às três horas da manhã, em frente à casa de Eduardo; mas a estranheza foi passageira. O garoto sentiu algo estranho – era como uma vontade crescente de encarar Eduardo e enfrenta-lo por tudo o que ele fizera com Felipe na frente de toda a escola. Assim, Felipe deu a volta na casa e percebeu que uma das janelas do segundo andar estava aberta.
            Felipe escalou o muro e debruçou-se no telhado do quintal dos fundos e, então, entrou sorrateiro pela janela do segundo andar.
            Estava tudo escuro no interior da casa; não havia som nenhum. Todos deviam estar dormindo. Foi quando Felipe se lembrou de que os pais de Eduardo viajariam naquela sexta-feira; Eduardo estava sozinho em casa.
            O menino desceu até a cozinha e procurou algo para se defender caso Eduardo acordasse; pegou um facão na primeira gaveta do gabinete (assustou-se por ter aquela ideia, mas, em seguida, relaxou). De repente, o seu celular tocou uma música – era a sua mãe telefonando; Felipe desligou o aparelho e guardou-o no bolso da calça.
            — Quem está aí? — era a voz de Eduardo. O menino devia ter ouvido o celular tocando. — Pai? Mãe? Vocês voltaram?
            Felipe correu para a sala e escondeu-se debaixo da escada; ficou observando Eduardo, que descia lentamente, preocupado.
            — Mãe? Pai? — a voz de Eduardo estava trêmula; o medo tomava conta.
            Logo que desceu o último degrau, Eduardo percebeu que havia alguém debaixo da escada e começou a gritar. Sem pensar duas vezes, Felipe segurou o facão com força e jogou-se contra Eduardo, pressionando o facão sobre o peito do garoto.
            — Seu imbecil! — Felipe segurava a boca do menino com a outra mão. — Cala essa boca! Só vim acertar as contas com você!
            Eduardo tentava falar, mas era em vão. O sangue jorrava duma ferida no seu peito e ele se afogava com o sangue que espirrava pela sua boca.
            Percebendo o que havia feito, Felipe olhou no relógio – 3h; era madrugada e ele havia feito o pior: matara alguém sem mesmo se dar conta. O garoto ficou preocupado que alguém pudesse descobrir o que fizera, mas notou que utilizava uma luva preta (a qual nem se recordava de ter vestido).
            Felipe correu para o quintal e cavou um buraco profundo bem no canto do jardim; jogou o facão ali e enterrou o objeto sob um monte de terra e de alguns arbustos. Depois disso, Felipe voltou para o interior da casa e olhou mais uma vez para o corpo que estava caído no meio da sala:
            — Você mereceu — ele soltou um breve sorriso perverso enquanto admirava o seu trabalho; um brilho avermelhado iluminou suas pupilas. — Cutuque as estrelas por mim... Dudu.
            Enquanto Felipe saía da casa e seguia rumo à sua casa, avistou um carro no final da rua – um sedan preto; era o homem misterioso. O menino, então, correu pela rua escura em direção ao carro.
            — Olá, Felipe — disse o homem misterioso, enquanto abria o vidro do carro.
            — O que nós somos? — perguntou Felipe, mais uma vez.
            — Somos discípulos da Morte — respondeu o homem; seus olhos brilhavam num vermelho vivo e transmitiam segurança. — Ceifadores. É o que nós somos... E você acaba de exercer o seu primeiro trabalho com excelência.
            — Você vai me ajudar? — questionou Felipe, olhando profundamente nos olhos do homem.
            — Com certeza — prometeu o homem, sorrindo.
            Logo que o homem concluiu a sua fala, Felipe deu a volta e entrou no carro, sentando no banco do passageiro.

            O carro deu a partida e desapareceu em meio à noite sem luar. Felipe, naquele instante, havia dado a partida naquele mistério desafiador.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Aproveite a vida por completo!

            Trabalhar num C.C.A. (Centro para Crianças e Adolescentes), definitivamente, não é fácil; mas é absurdamente bom para o crescimento pessoal. Uma das melhores coisas, nesse trabalho, é que eu consigo tirar um aprendizado de tudo – tudo mesmo!
            Como orientador socioeducativo, o maior presente que ganho é a confiança de cada uma daquelas crianças e daqueles adolescentes. Saber que eles acreditam no meu trabalho é o que direciona as minhas atitudes lá dentro.
            Na última quarta-feira, fui pego de surpresa por um dos meninos, que me disse que sairia do C.C.A.; como estamos sempre brincando e caçoando um do outro, achei que era uma brincadeira e soltei um riso. Imediatamente, ele me disse que era verdade, que ele se mudaria no fim de semana (amanhã) e, por conta disso, não poderia mais ir ao C.C.A.
            No momento, não fiquei com aquilo na cabeça; mas, ao chegar em casa, não parei de pensar naquilo. Há cerca de um mês, uma das meninas da minha turma fez o desligamento pelo mesmo motivo: mudança de casa. Com isso, comecei a pensar e perceber que o nosso tempo (o meu tempo) ali é pouco. Quando menos percebemos, o tempo já passou e algo aconteceu.
            Na quinta-feira (ontem), peguei um pincel e comecei a desenhar no quadro branco. No alto do quadro, escrevi “O que o C.C.A. significa para mim?”; depois, comecei a utilizar todo o espaço do quadro para ilustrar o significado do C.C.A. na minha vida.
Minha ilustração.
            Quando eu saí do meu antigo emprego e fui convidado para ingressar na equipe de trabalho do C.C.A. Parque Mandy, fiquei muito empolgado – eu queria muito fazer parte das vidas daquelas crianças e aprender com elas. Então, expliquei o significado do C.C.A. para mim: um espaço que, embora fechado, é aberto simbolicamente, pois permite a cada um que está lá o conhecimento do novo, o aprendizado, as oportunidades, a recuperação do passado, a vivência do presente, o vislumbre do futuro. Expliquei que há vidas no C.C.A. (centenas de vidas) e há vivências.
             Feito isso, pedi que cada criança também fizesse o mesmo e desenhasse o que o C.C.A. significa para cada uma; e o trabalho rendeu.
Ilustrações das crianças.
            Contudo, quando chegou na vez do D. (o menino que avisara que sairia do C.C.A.), fiquei muito surpreso. Enquanto todas as crianças utilizavam apenas o canto do quadro para desenhar, o D. começou desenhando no centro do quadro branco e expandiu o seu desenho para todo o quadro; fez um menino (!) segurando um pincel e pintando uma linda paisagem numa tela de pintura. O desenho tomava conta do quadro todo. Não comentei nada, apenas fotografei todas as ilustrações.
Ilustração do D..
            Hoje, contudo, percebi certa inquietação do D.; provavelmente, por ser o último dia dele no C.C.A.. Ao fim das atividades, levei toda a turma para uma sala e comecei a falar:

            — Para quem não sabe, hoje é o último dia do D. aqui no C.C.A. — lembrei ao restante da turma. — Mas eu queria comentar algo sobre ontem... Quando pedi que vocês desenhassem o que o C.C.A. significa para cada um, vocês ficaram muito contidos; mesmo eu tendo dito que poderiam utilizar o quadro inteiro. Porém, o D. começou a desenhar e me surpreendeu ao preencher todo o quadro com o desenho dele, além de ter me emocionado ao ver que ele estava no próprio desenho.
            As crianças me olhavam sem compreender direito o que eu queria dizer com aquilo.
            — Eu quero dizer que vocês devem fazer o mesmo que o D. fez, porém, com as vidas de vocês — comentei. — Não deixem alguns momentos da vida passarem direto por vocês; aproveitem a vida por completo; aproveitem tudo o que puderem aproveitar; agarrem todas as oportunidades que surgirem. O tempo é muito incerto e, quando nos damos conta, ele já passou e não pode mais ser recuperado. Eu queria muito que as 33 crianças desta turma ficassem comigo até, um dia, eu sair daqui; mas isso é impossível! Inevitavelmente, vocês também vão sair daqui; se não for por mudança, será porque atingiram a idade máxima permitida aqui dentro, aos 14 anos e 11 meses. E, daí, eu vou ter de recomeçar todo o trabalho com novas crianças... Será difícil, mas vai ser muito legal.
            Algumas das crianças começaram a chorar nesse momento. Mas eu prossegui:
            — Olhem só: em sete meses de trabalho com vocês, nós evoluímos muito! Nós crescemos e só conseguimos isso porque trabalhamos juntos — lembrei-os. — Vocês, hoje, olham mais uns para os outros no sentido de atentar-se e preocupar-se com o outro; vocês, hoje, reconhecem os sentimentos que há em vocês e assumem esses sentimentos. Imaginem o quão amedrontador e angustiante deve ser mudar-se de casa? O medo do desconhecido é normal e ajuda muito no nosso crescimento; e isso fica melhor quando vocês passam a admitir esse medo. D., eu vejo, em você, um futuro brilhante e uma vida repleta de oportunidades; e vejo isso em cada um de vocês aqui porque eu amo muito vocês. Mas a gente não vai ter todo o tempo do mundo pra ficar junto e, por isso, repito o que eu disse: aproveitem todos os momentos, aproveitem a vida por completo!
            A minha vontade era de chorar; deixei as lágrimas caírem, pois tenho essa relação de verdade com as crianças – não escondemos os nossos sentimentos entre nós.
            Pouco tempo depois da conversa acabar, comecei a dispensar algumas das crianças, pois já havia chegado a hora de saída. Nisso, o D. comentou:        
            — Eu não quero ir embora, Júnior.
            Eu só pude olhar pra ele e sorrir. Falei o quanto ele é especial e o quanto essa mudança pode ajudar na vida dele se ele souber aproveitá-la. Ele, então, pediu para ser o último a ir embora (ele é sempre o primeiro).
            Quando todas as crianças já haviam ido embora, ele chegou perto:
            — Bom, estou indo — então, ele pulou para me abraçar (como costuma fazer quando quer me atentar). — Tchau, obrigado!
            Daí, eu vejo o quanto o meu trabalho é recompensador e importante: a minha função me permite ajudar essas crianças e ajuda-las a enxergar o mundo duma maneira inédita para elas. E é assim que deveria ser com todo o mundo.

            Trabalhar num C.C.A., definitivamente, não é fácil; mas é absurdamente bom para o crescimento pessoal.

sábado, 11 de julho de 2015

MESSOREM: O Aprendiz da Morte (C. 1)



Capítulo 1 – O Chamado

            Felipe, um garoto de 15 anos, residente da zona norte da cidade de São Paulo; por conta do seu aniversário, ele acabara de ganhar um presente dos pais: um ultrabook.
            O menino estava muito ansioso para chegar em casa e começar a usar o novo computador. Assim que saiu da escola, ele mal despediu-se dos colegas e correu para casa – que não era muito próxima, então levou cerca de 40 minutos até chegar.
            Chegando em casa, Felipe foi direto ao seu quarto, desconectou o ultrabook da tomada e ligou o aparelho. Em dez segundos, a área de trabalho já estava disponível; havia alguns programas desconhecidos pelo garoto – um deles estava nomeado Messorem.
            — Que estranho! — pensou Felipe, tentando decifrar o que significava aquilo.
            Numa rápida busca pela internet, o menino descobriu que se tratava duma palavra de origem latina, que significa “ceifadores”; isso deixou Felipe ainda mais instigado a abrir o programa de computador.
            O garoto clicou imediatamente sobre o ícone do programa, uma espécie de foice (ele só percebeu isso após descobrir a relação do nome com o seu significado). Enquanto o programa carregava, Felipe mal conseguia conter a sua curiosidade.
            Enfim, a janela inicial do programa se abriu: o leiaute era todo da cor preta com alguns detalhes vermelhos e acinzentados. A figura dum ceifador era desenhada numa sombra no fundo da janela.
            — Que bizarro! — comentou Felipe, enquanto navegava pela janela do programa.
            Uma aba com as letras piscando em vermelho, no alto da janela, chamava a atenção do garoto com os dizeres “Nunc et in hora mortis nostrae”. Felipe copiou a sentença e colou na página de busca da internet e, para alimentar ainda mais a sua curiosidade, o que encontrou foi um trecho duma oração:
            — Agora e na hora de nossa morte... — repetiu Felipe, em voz alta, enquanto lia a tradução.
            — Amém! — uma voz masculina surgiu na porta do quarto.
            O menino saltou da cama assustado, como se tivesse visto um fantasma. Mas era apenas o seu pai.
            — Ah, pai... — o menino se recompôs. — É só você!
            — eu? — Julio fez uma careta. — Obrigado pela consideração.
            — Não foi isso o que quis dizer, pai — argumentou o garoto. — É que eu estava concentrado aqui e tomei um susto quando você falou...
            — Eu vi — concordou Julio. — Está rezando, é?
            — Não! — Felipe riu. — Estou pesquisando umas coisas em latim, só isso.
            — Entendi — Julio piscou e saiu do quarto do filho.
            Felipe se voltou para a tela do computador: o programa havia sido fechado e, agora, só restava uma imagem de plano de fundo a qual ele não escolhera – um ceifador de almas. O menino, imediatamente, desligou o computador e desceu para ficar com os pais na sala.
            Mais tarde, por volta das nove da noite, Felipe foi até o portão de sua casa para olhar a rua, como sempre fazia, mas ele percebeu algo estranho; havia um corsa sedan preto estacionado ao outro lado da rua. O vidro do carro estava abaixado e um homem fitava o menino com um ar misterioso – o homem tinha um rosto envelhecido e uma feição tristonha.
            O menino ficou tão incomodado que decidiu entrar para a sua casa e ir dormir.

            No dia seguinte, logo que acordou, Felipe olhou pela janela para ver se o sedan preto ainda estava ali; mas não estava. O menino ligou o ultrabook. O programa Messorem não abria; “Este programa está sendo atualizado.”, a mensagem surgia sempre que ele clicava sobre o ícone.
            — Mas que droga! — reclamou.
            O menino foi para o banheiro tomar banho. Enquanto ele escovava os dentes, fixou o olhar no espelho para tentar ver melhor algo que lhe havia intrigado: sua pupila estava dilatada, brilhando como um rubi, e a esclera, o branco dos olhos, estava com alguns filamentos pretos – era como se jogasse tinta preta dentro dum copo de leite.
            — Que merda é essa? — ele gritou.
            Felipe ficou aterrorizado e entrou debaixo do chuveiro, esfregando os olhos freneticamente e chorando. Após isso, voltou a olhar para o espelho e tudo estava normal.
            Aquele dia seria terrível para o menino: não conseguiu tomar o café por conta do que vira no banho, não se concentrara nas explicações dos professores durante o período escolar, nem conseguira voltar para casa de ônibus. A ansiedade era tanta, que o garoto preferiu voltar para casa a pé, assim poderia espairecer.
            No caminho, enquanto caminhava pela calçada, um carro o acompanhava lentamente; era um sedan preto. Imediatamente, Felipe apertou o passo e começou a andar depressa. Mas o carro preto também acelerou e alcançou o menino.
            Rezando e pedindo ajuda mentalmente, Felipe ergueu lentamente o rosto e olhou para o interior do carro; mais uma vez, aquele mesmo homem esquisito – sua feição, agora, era de urgência.
            — Deixa eu falar com você? — disse o homem de dentro do carro.
            Felipe o encarou com pavor e permaneceu em silêncio, andando o mais depressa que podia.
            — Felipe, por favor! — insistiu o homem.
            Nesse instante, ao ouvir o seu nome na boca dum desconhecido, Felipe arregalou os olhos e ficou estático na calçada, tentando olhar nos olhos do homem desconhecido.
            — Até que enfim... — disse o homem. — Preciso muito falar com você!
            — Como sabe o meu nome? Quem é você? — interrogou Felipe. O menino encarava o homem apavorado, pois via nele a mesma coisa que havia visto em si pela manhã: os olhos estavam tomados por um negrume.
            — Entre no carro — pediu o homem. Ele vestia um terno preto, camisa preta e uma gravata vermelho-sangue; adornava, em seu pescoço, uma corrente com um pingente em forma de foice.
            — ‘Tá louco, né? — disse Felipe. — Nem te conheço!
            — Mas eu conheço quem você é e o que você vai ser — revelou o homem.
            O menino olhou à sua volta; não havia absolutamente ninguém na rua além dos dois.
            — Só me diga o seu nome — insistiu Felipe.
            — Não lembro mais o meu nome — respondeu o homem. — Entre logo no carro, não farei mal a você.
            — Caramba, eu sou um imbecil por fazer isso — disse Felipe, enquanto abria a porta do sedan e sentava no banco do passageiro.
            As janelas do carro se fecharam e o homem deu a partida; enquanto dirigia, foi bombardeado pelas perguntas do menino, que estava bem preocupado:
            — Como sabe o meu nome?
            — Eu não conhecia você... — revelou. — Até ontem.
            — Você me conheceu ontem naquela hora em que eu estava vendo a rua? — perguntou Felipe.
            — Não, foi antes — respondeu o homem. — Conheci você quando abriu aquele programa em seu computador.
            — Você é um hacker? — supôs o menino.
            — Não! — o homem tentou rir, mas conseguiu uma tosse seca. — Sou o que você está prestes a ser.
            — Como assim? — Felipe estava impaciente. — Os seus olhos... Por que são assim?
            — Há muito tempo atrás, quando eu havia acabado de sair do exército, ganhei um livro em branco, uma espécie de diário — contou o homem. — Ganhei de uma mulher que eu nunca vi antes.
            O negrume nos olhos do homem parecia estar-se movendo dum lado para o outro.
            — Quando rasguei a embalagem, vi a capa do livro: “Messorem” — lembrou o homem.
            — Ceifadores — comentou o menino, com boquiaberto.
            — Isso mesmo — confirmou o homem. — E, depois, na contracapa, uma frase que você já deve conhecer também... Fiquei bem assustado com isso, mas não me importei muito. Porém, quando comecei a escrever sobre os meus dias de exército naquele diário, as coisas ficaram estranhas.
            — Estranhas? — perguntou Felipe.
            — Os meus olhos; vez ou outra, eu me via com eles assim, escuros — explicou o homem, apontando para os próprios olhos, que estavam negros com a pupila vermelha. — Depois, encontrei este pingente no meio do livro...
            — Desculpe, mas não estou entendendo nada — Felipe preferiu ser franco. — O que tudo isso tem a ver comigo?
            — O que eu sou... — o homem resistiu um pouco a continuar. — O que você está prestes a ser não é algo comum; não é algo humano. Infelizmente, ninguém me ajudou a passar por isso, então sofri muito. Mas eu estou aqui para ajuda-lo.
            — O que você é? — insistiu Felipe, curioso e preocupado.
            — Desde sempre, pessoas foram escolhidas (nunca soube por quem!) para uma função um tanto quanto perturbadora. Essas pessoas acabam tornando-se seres não-humanos capazes de agir como psicopompos.
            — Psico-o-quê? — questionou Felipe, sem entender uma vírgula.
            — Psicompompos — repetiu o homem. — Essas pessoas viram guias das almas que deixam os seus corpos; mostramos a esses espíritos o caminho que eles devem seguir para que não fiquem presos aqui na Terra.
            — Mas que doideira é essa? — Felipe encarou o homem com descrença. — Não acredito em contos de fada!
            — Não é um conto de fada — disse o homem, convicto. — É a realidade. Você está prestes a ser um Ceifador.
            — Para o carro que eu quero descer! — exigiu Felipe.
            — Felipe, por favor... — implorou o homem. — Me deixa ajudar você! Passar por isso sozinho é muito pior!
            — Para o carro! — gritou Felipe.
            Dois segundos depois, o carro parou.
            Felipe abriu a porta e saiu sem olhar para trás. Aquele homem não fazia parte da sua vida e jamais faria. Aquela vida não seria a sua. Aquele destino não seria o seu.

MESSOREM: O Aprendiz da Morte (Apresentação)



            Felipe é um paulistano que acaba de completar os seus 15 anos de idade e, de presente, ganha um ultrabook dos seus pais. Contudo, um estranho software chama a atenção do menino: Messorem; após descobrir a tradução da palavra latina, Felipe é apresentado a um mundo sobrenatural que, até então, desconhecia. Um homem misterioso será o seu guia nesta jornada de tantos descobrimentos – os impulsos da adolescência, o medo do desconhecido, as maravilhas que a morte pode trazer. Tornando-se um aprendiz da Morte, Felipe aprenderá que a sua vida começa quando a vida dos outros acaba.

            A história de Felipe nos levará por um caminho sombrio. Veremos o quão inseguro é um adolescente e do que ele é capaz quando sabe que possui mais poder que os outros. Postarei um capítulo a cada 7 ou 15 dias; espero que vocês os leiam com muito afinco para que, juntos, descubramos o desfecho dessa história tão misteriosa.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Escrever: dom(ínio)



            Ao contrário do que muita gente pensa, escrever bem não é um dom; é um esforço contínuo em aprender e dominar mais e mais a língua, a sua estrutura, as suas regras.
            Qualquer um escreve – qualquer um mesmo! Agora, escrever bem não é pra qualquer um: a ideia pode, até, surgir “do nada”; mas o conteúdo completo, a forma da “coisa” só ficam prontos após muito trabalho.
            O ideal é praticar: a ideia surge em algum momento e, quando surgir, é o momento certo para iniciar a escrita. Atualmente, é difícil ver alguém escrevendo a lápis num papel; mas foi assim que eu comecei: pegava um caderno em branco e escrevia as minhas histórias – hoje, lendo essas histórias, percebo o quanto a minha escrita amadureceu (um vocabulário maior, um cuidado com a coesão e a coerência, com a estrutura das sentenças, com a gramática e, principalmente, com a ortografia – não faltam “escritores” que escrevem mal a ponto de não saber acentuar as palavras ou, mesmo, utilizar um ponto final!).
            Muitos me perguntam o porquê de eu ainda não ter nenhuma obra impressa. Acho que ainda não é o momento; preocupo-me demais com o que escrevo, então, reescrevo várias vezes e, depois, reviso outras tantas. Além disso, ainda estou conquistando o meu público cativo com o meu blogue e a minha página do Facebook, “Abra a sua mente”; quando eu tiver publicado algo impresso, quero ter a certeza de que isso será feito para um público consideravelmente grande. Por enquanto, prefiro utilizar a internet e as redes sociais como forma de “disseminar” os meus pensamentos, as minhas ideias e os meus personagens.
            Acredito que todo escritor que se preze deveria pensar assim: preocupar-se com o que escreve para que o leitor faça uma boa leitura, sem ter de preocupar-se com algo além da própria história (afinal, sei bem como é ler um livro cheio de erros, de incoerências, de incoesões – tudo isso acaba com a história: é impossível focar a leitura no enredo sem olhar para essas questões). Publique um livro assim e você pode detonar toda a sua carreira literária; um escritor com o nome sujo não consegue limpá-lo facilmente e apagar todos os seus erros.
            Para ser escritor, precisa cursar Letras? Não, não precisa; mas quem cursa Letras tem acesso a todo o conteúdo da língua: sintaxe, semântica, morfologia, gramática, linguística e revisão. Mas esse conteúdo também está disponível na internet, então não é desculpa para quem não cursa Letras. Um escritor precisa dominar a língua, e isso não se discute; precisa ter a iniciativa de assumir que não sabe algo e pesquisar a resposta; precisa ampliar o seu vocabulário; precisa estar atento aos seus erros; precisa revisar.

            Vivemos num mundo tecnológico e todo conectado; a única coisa de que precisamos é saber aproveitá-lo e lançarmo-nos como escritores (para aqueles que o são).