O Candomblé é uma
religião afrobrasileira com cerca de dois milhões de fieis. É uma religião que
combina várias crenças. As crenças tradicionais africanas dos povos Iorubá, Fon
e Bantu estão na base da religião. A palavra Candomblé é a junção do termo
quimbundo candombe – dança dos
atabaques – com o termo iorubá ilé –
casa –, portanto, significa “casa da dança com atabaques”. Seguindo sua
etimologia, a religião tem a dança e a música como fatores importantes.
O Candomblé nasceu
das pessoas que foram trazidas da África durante a escravidão no Brasil. Muitos
senhores de escravos cristãos e a própria Igreja sentiram que era importante a
conversão dos escravos africanos. Isso, não apenas para embasar suas obrigações
religiosas, mas na esperança de tornar os escravos mais submissos. Embora
muitos tenham sido convertidos ao Cristianismo, outros escravos praticavam sua
religião em segredo, ou mascaravam sua prática como se fosse o Catolicismo.
Até meados de 1970,
os africanos eram perseguidos caso fossem pegos praticando o Candomblé. Desde
então, a religião se tornou muito popular no Brasil, especialmente na cidade de
Salvador, na Bahia, nordeste do país. Muitos africanos visitam a cidade para
aprender mais sobre seus ancestrais e suas crenças religiosas. Para muitos
africanos, o Candomblé não é apenas uma religião, mas uma identidade cultural.
Alguns fieis querem remover os elementos cristãos da religião e permitir que
ela retorne a sua forma mais pura.
As crenças
A religião tem como
base a anima – a alma – da Natureza;
sendo chamada de anímica.
Para os fieis do
Candomblé não existe um conceito de bom e mau; contudo, praticar o mal tem suas
consequências. O objetivo de cada um é carregar o seu próprio destino, que é
controlado pelo orixá. O orixá de cada pessoa age como um protetor.
Os orixás são
entidades africanas que estão ligadas às forças da Natureza. Cada orixá se
manifesta através de emoções – sentem raiva, ciúmes, amam em excesso, são
passionais. Além disso, cada um tem o seu sistema simbólico, composto de cores,
comidas, cantigas, rezas, ambientes e até horários.
Por conta do
sincretismo que se deu durante a escravidão, cada orixá foi relacionado a um
santo católico, de modo que os africanos pudessem manter suas crenças vivas. O
exemplo mais conhecido é de São Jorge, que é utilizado para o culto a Ogum, que
é o senhor dos metais, da guerra, da agricultura e da tecnologia, segundo a
mitologia Iorubá.
Os templos de
candomblé são chamados de casas, roças ou terreiros.
Para os iorubás,
tanto a vida quanto a morte são fases sagradas e, ao oferecer sacrifício aos
seus orixás, eles consagram tanto a Terra quando o Céu, afirmando essa crença.
Eles acreditam que os animais sacrificados têm a oportunidade de transcender
como uma energia consciente. Os fieis do Candomblé são altamente criticados por
essa postura, mas deve-se lembrar de que muitas religiões praticaram o
sacrifício em algum momento de sua existência.
Os ogans, conhecidos no Brasil como filhos
de santo, passam por transes de possessão profunda – incorporação. Tudo o que
eles manifestam pertence aos domínios do inconsciente.
Um ponto que deve
ficar muito enfatizado é o equívoco ao atribuir a maldade ao orixá Exú. Por
conta dos colonizadores católicos e catequistas jesuítas, esse orixá ganhou uma
versão completamente distorcida, onde é visto como a personificação do mal e da
perversidade – mesmo entre adeptos de seitas formadas pelo sincretismo afrobrasileiro.
Como já dito, os iorubás não têm um conceito de diabo, do mau. O Exú é o orixá
do certo e do errado, do dia e da noite, da dualidade – a bipolaridade, de modo
geral. Ele permite a ligação entre o mundo material e o mundo espiritual; é o
guardião dos templos, das cidades, das encruzilhadas, das casas e das pessoas.
O mal-entendido
surgiu quando os missionários cristãos o identificaram com o diabo, por conta
de sua representação: um homem nu, exibindo um grande falo ereto, ou como um
cupinzeiro brotando do solo, representando o órgão sexual masculino. Ele também
representa a fartura, a sedução, a fertilidade, a criatividade, a sexualidade.
Em lendas iorubás, o Exu revela que a moralidade não está sujeita à divindade,
mas às escolhas humanas e suas consequências.
O Mito da Criação
Para os iorubás,
apenas Olodumaré, o deus supremo, está acima dos orixás. Ele representa o poder
infinito do Universo; é inacessível e está muito além da compreensão humana. Ao
contrário dos demais, não é cultuado e nem incorpora, mas é o mais respeitado.
Quando decidiu criar
a humanidade, Olodumaré criou primeiramente os orixás e, a eles, confiou a
supervisão da sua obra. Com isso, para chegar a Olodumaré, é aos orixás que os
homens devem procurar, reverenciar e dirigir suas preces e oferendas.
Orun, uma dimensão intermediária entre o Universo Superior de
Olodumaré e a Terra (Ilê), é um lugar
muito sagrado e reverenciado, pois é lá que as almas dos mortos vivem,
aguardando pela hora de voltar ao mundo dos vivos periodicamente, renascendo.
O link a seguir,
contém uma espécie de áudio-conto com a criação do mundo, segundo a mitologia
iorubá: http://www2.cultura.gov.br/audiovisual/acervo/a-criacao-do-mundo-segundo-a-mitologia-ioruba/.
Fontes:
http://mitoemitologias.blogspot.com.br/2012/07/a-criacao-do-homem-na-mitologia-yoruba.html
http://mitologiacomentada.blogspot.com.br/p/ioruba.html
http://ocandomble.wordpress.com/
http://www.ama.africatoday.com/candomble.htm
http://www.bbc.co.uk/religion/religions/candomble/history/history.shtml
http://www.typesofreligion.com/candomble.html
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