terça-feira, 21 de outubro de 2014

Série: Religiões - CANDOMBLÉ

            O Candomblé é uma religião afrobrasileira com cerca de dois milhões de fieis. É uma religião que combina várias crenças. As crenças tradicionais africanas dos povos Iorubá, Fon e Bantu estão na base da religião. A palavra Candomblé é a junção do termo quimbundo candombe – dança dos atabaques – com o termo iorubá ilé – casa –, portanto, significa “casa da dança com atabaques”. Seguindo sua etimologia, a religião tem a dança e a música como fatores importantes.



            O Candomblé nasceu das pessoas que foram trazidas da África durante a escravidão no Brasil. Muitos senhores de escravos cristãos e a própria Igreja sentiram que era importante a conversão dos escravos africanos. Isso, não apenas para embasar suas obrigações religiosas, mas na esperança de tornar os escravos mais submissos. Embora muitos tenham sido convertidos ao Cristianismo, outros escravos praticavam sua religião em segredo, ou mascaravam sua prática como se fosse o Catolicismo.
            Até meados de 1970, os africanos eram perseguidos caso fossem pegos praticando o Candomblé. Desde então, a religião se tornou muito popular no Brasil, especialmente na cidade de Salvador, na Bahia, nordeste do país. Muitos africanos visitam a cidade para aprender mais sobre seus ancestrais e suas crenças religiosas. Para muitos africanos, o Candomblé não é apenas uma religião, mas uma identidade cultural. Alguns fieis querem remover os elementos cristãos da religião e permitir que ela retorne a sua forma mais pura.

As crenças
            A religião tem como base a anima – a alma – da Natureza; sendo chamada de anímica.
            Para os fieis do Candomblé não existe um conceito de bom e mau; contudo, praticar o mal tem suas consequências. O objetivo de cada um é carregar o seu próprio destino, que é controlado pelo orixá. O orixá de cada pessoa age como um protetor.
            Os orixás são entidades africanas que estão ligadas às forças da Natureza. Cada orixá se manifesta através de emoções – sentem raiva, ciúmes, amam em excesso, são passionais. Além disso, cada um tem o seu sistema simbólico, composto de cores, comidas, cantigas, rezas, ambientes e até horários.
            Por conta do sincretismo que se deu durante a escravidão, cada orixá foi relacionado a um santo católico, de modo que os africanos pudessem manter suas crenças vivas. O exemplo mais conhecido é de São Jorge, que é utilizado para o culto a Ogum, que é o senhor dos metais, da guerra, da agricultura e da tecnologia, segundo a mitologia Iorubá.
            Os templos de candomblé são chamados de casas, roças ou terreiros.
            Para os iorubás, tanto a vida quanto a morte são fases sagradas e, ao oferecer sacrifício aos seus orixás, eles consagram tanto a Terra quando o Céu, afirmando essa crença. Eles acreditam que os animais sacrificados têm a oportunidade de transcender como uma energia consciente. Os fieis do Candomblé são altamente criticados por essa postura, mas deve-se lembrar de que muitas religiões praticaram o sacrifício em algum momento de sua existência.
            Os ogans, conhecidos no Brasil como filhos de santo, passam por transes de possessão profunda – incorporação. Tudo o que eles manifestam pertence aos domínios do inconsciente.
            Um ponto que deve ficar muito enfatizado é o equívoco ao atribuir a maldade ao orixá Exú. Por conta dos colonizadores católicos e catequistas jesuítas, esse orixá ganhou uma versão completamente distorcida, onde é visto como a personificação do mal e da perversidade – mesmo entre adeptos de seitas formadas pelo sincretismo afrobrasileiro. Como já dito, os iorubás não têm um conceito de diabo, do mau. O Exú é o orixá do certo e do errado, do dia e da noite, da dualidade – a bipolaridade, de modo geral. Ele permite a ligação entre o mundo material e o mundo espiritual; é o guardião dos templos, das cidades, das encruzilhadas, das casas e das pessoas.
            O mal-entendido surgiu quando os missionários cristãos o identificaram com o diabo, por conta de sua representação: um homem nu, exibindo um grande falo ereto, ou como um cupinzeiro brotando do solo, representando o órgão sexual masculino. Ele também representa a fartura, a sedução, a fertilidade, a criatividade, a sexualidade. Em lendas iorubás, o Exu revela que a moralidade não está sujeita à divindade, mas às escolhas humanas e suas consequências.

O Mito da Criação
            Para os iorubás, apenas Olodumaré, o deus supremo, está acima dos orixás. Ele representa o poder infinito do Universo; é inacessível e está muito além da compreensão humana. Ao contrário dos demais, não é cultuado e nem incorpora, mas é o mais respeitado.
            Quando decidiu criar a humanidade, Olodumaré criou primeiramente os orixás e, a eles, confiou a supervisão da sua obra. Com isso, para chegar a Olodumaré, é aos orixás que os homens devem procurar, reverenciar e dirigir suas preces e oferendas.
            Orun, uma dimensão intermediária entre o Universo Superior de Olodumaré e a Terra (Ilê), é um lugar muito sagrado e reverenciado, pois é lá que as almas dos mortos vivem, aguardando pela hora de voltar ao mundo dos vivos periodicamente, renascendo.
            O link a seguir, contém uma espécie de áudio-conto com a criação do mundo, segundo a mitologia iorubá: http://www2.cultura.gov.br/audiovisual/acervo/a-criacao-do-mundo-segundo-a-mitologia-ioruba/.


Fontes:
http://mitoemitologias.blogspot.com.br/2012/07/a-criacao-do-homem-na-mitologia-yoruba.html
http://mitologiacomentada.blogspot.com.br/p/ioruba.html
http://ocandomble.wordpress.com/
http://www.ama.africatoday.com/candomble.htm
http://www.bbc.co.uk/religion/religions/candomble/history/history.shtml

http://www.typesofreligion.com/candomble.html

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