sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Dia 31 de outubro: Saci ou Halloween?

Hoje, 31 de outubro, é comemorado, no Brasil, o Dia do Saci. Mas, também, é comemorado o Halloween – ou Dia das Bruxas –, uma comemoração conhecida mundialmente e que, ainda hoje, influencia muitas crianças e adultos ao redor do globo. Diante disso, o que comemorar? A entidade do folclore nacional ou o evento cultural estrangeiro?


O SACI



            Ele é um menino negro, de uma perna só, com um gorro vermelho, zombeteiro demais e costuma passear pelas florestas e fazendas brasileiras, assustando os viajantes e aprontando com os animais e moradores das regiões. Acho que já sabem de quem estou falando, não é?
            As histórias iniciais sobre o Saci datam do fim do século 18 e início do século 19. Seu nome é de origem Tupi Guarani e, em muitas regiões do Brasil, ele é considerado um ser brincalhão, embora seja considerado malvado em alguns outros. Durante a escravidão, os mais velhos assustavam as crianças com relatos das travessuras do Saci.
            Geralmente, é visto como um negrinho de uma perna só, que fuma um cachimbo e usa na cabeça um gorro vermelho (que lhe dá poderes mágicos, como desaparecer e reaparecer onde quiser).
            Há três “vertentes” do Saci: o Pererê, que é negro; o Trique, moreno e brincalhão; e o Saçurá, que possui olhos vermelhos como o fogo. O Saci também se transforma num pássaro chamado Mati-taperê, o qual possui um canto melancólico que ecoa em todas as direções – dificultando, assim, a sua localização. É o mesmo pássaro que deu origem ao mito da Matinta-Pereira.
Representação do Yaci Yateré
            Uma das características do mito do Saci, é que se diz que dentro de todo redemoinho de vento existe um Saci. Segundo a lenda, se alguém jogar um rosário de mato bento (um amontoado de mato benzido) ou uma peneira dentro do redemoinho, pode capturar o Saci; e caso consiga pegar o gorro dele, ele terá de conceder a você um desejo.
            As origens do Saci, contudo, são incertas. Em Portugal, há relatos de uma entidade parecida, que veste botas vermelhas. No Uruguai, Paraguai e na Argentina, há uma variante em que a criatura é pequena e gorda, de pele vermelha e utiliza um bastão mágico dourado – o Yacy Yateré. Na Alemanha, a lenda fala sobre um anão chamado Kobolde, quase idêntico ao nosso Saci. Nos Estados Unidos, o Gremlin possui características semelhantes.
            Assim, percebemos o quanto o Saci é fruto de uma grande mistura, não só das regiões do Brasil, mas com influências mundiais.


O HALLOWEEN

            O termo Halloween deriva da contração do termo All hallow even, que era a Véspera do Dia de Todos os Santos – as vésperas costumam ser comemoradas na tradição Cristã. Hallow é uma palavra inglesa que significa “santo”. All Hallow’s Day é o Dia de Todos os Santos. A véspera foi chamada de All Hallow Even.
            Mas a história do Halloween data de muito antes. É provável que tenha surgido centenas de anos antes de Cristo. Originalmente, os celtas, por volta de 500 a.C. (antes de Cristo), celebravam o Samhain, uma festividade que acontecia ao fim de outubro – na noite de 31 de outubro –, quando, de acordo com eles, fantasmas e demônios vagam pela Terra mais do que nos dias restantes. O Samhain era o início de três grandes fatos: o fim da colheita, o Ano Novo celta e o início do inverno, “a estação do frio e da escuridão”, um período associado aos mortos. Nesse período, eles acreditavam que era possível entrar em contato com os desencarnados.
Representação do Samhain
            Para representar o sobrenatural, os celtas de trajavam com peles e cabeças de animais abatidos para o inverno. Eles utilizavam leite e comida para acalmar os visitantes do além – hoje, são utilizados os doces; também, acendiam fogueiras para espantar os seres sobrenaturais.
            Muito tempo depois, no século 9, houve a expansão do Cristianismo na Grã-Bretanha. E, na tentativa de acabar com a festividade pagã (tendo por Pagão tudo que não era Cristão), o papa Gregório III consagrou o dia 1º de novembro para a celebração de Todos os Santos, em honra aos mártires. E como o Cristianismo comemora, também, as vésperas de suas celebrações, o dia anterior foi nomeado All hallow even. Depois, o nome foi encurtado para Hallowe’en.
            Apenas no século 18 é que o nome da festa passou a ser grafado como Halloween. No século 19, com a mudança das população irlandesa para os Estados Unidos, também foram levados os costumes do Halloween, que com o tempo se fundiram aos costumes similares de imigrantes da Grã-Bretanha, Alemanha, África e outras partes do mundo. Do século 20 para cá, a festividade ganhou proporções gigantescas: no mundo inteiro, o comércio de itens relacionados ao Halloween se transformou numa indústria multibilionária.

SIMBOLOGIA DO HALLOWEEN
Jack-o'-lanterns
 - Jack-o’-lantern (a abóbora iluminada): o rosto assustador esculpido em abóboras é o símbolo mais conhecido da festividade e representa uma antiga lenda celta. Jack, um homem mesquinho condenado a vagar pela eternidade, pediu uma brasa ao diabo e a colocou dentro de um nabo para iluminar o seu caminho. Após a imigração para os Estados Unidos, a planta foi trocada pela abóbora acesa com uma vela, pois o nabo era de menor cultivo na América.


- Travessuras ou gostosuras: segundo a lenda celta, o caos reinava na noite de Halloween. Era comum deixar leite e comida na porta de casa para acalmar os espíritos do além. A moda pegou e, até hoje, quando as crianças saem para pedir doces e não são atendidas, ameaçam pregar um susto, como os espíritos fariam.

- As bruxas: para os celtas, as bruxas eram mulheres que se diferenciavam por conhecer poderes terapêuticos de plantas e ervas; faziam parte da comunidade e podiam participar normalmente das festividades. Contudo, no século 9, o Cristianismo atribuiu uma imagem distorcida a essas mulheres. Após isso, as bruxas ficaram conhecidas como mulheres assustadoras que usam a magia para fazer o mal.

- Fantasias: o costume de fantasiar-se surgiu com os celtas, que se vestiam com pele e cabeça de animais mortos para o inverno. A ideia era passar pelos espíritos como um ser sobrenatural e não ser aterrorizado. Hoje em dia, a coisa se diversificou – vampiros, múmias, lobisomens e outros personagens são presença garantida no Halloween, graças à influência das grandes produções Hollywoodianas.


            Com isso, não há como escolher qual festividade comemorar. O Saci é um elemento nacional, mas há notáveis características que provam influências estrangeiras em sua constituição. O Halloween é uma festividade estrangeira, mas notavelmente atingiu o mundo inteiro e conquistou diversas nações e culturas.
            Comemoremos o Halloween e lembremo-nos do Saci. Falem para suas crianças sobre os dois. Quem sabe, um dia, o nosso folclore ganhe proporções mundiais?


Fonte:
http://mundoestranho.abril.com.br/materia/qual-a-origem-da-comemoracao-do-halloween
http://mundoestranho.abril.com.br/materia/qual-a-origem-do-saci-e-de-outros-seres-do-folclore-brasileiro
http://sitededicas.ne10.uol.com.br/folk_saci_perere3.htm
http://www.dicio.com.br/rosario/

http://www.jw.org/pt/publicacoes/revistas/g201309/origem-do-halloween/

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Inquietude



            O ponteiro do relógio marcava três horas, quando o garoto se deu conta de que ainda estava acordado; mal conseguia respirar por causa da congestão nasal, da coceira nos olhos. Ele olhou para o lado esquerdo da cama: seu marido dormia pesadamente – algo inédito, pois o contrário era o mais habitual.
            A inquietação – provável insatisfação – tomava conta dele nos últimos meses. O curso que fazia exigia-lhe cada vez mais uma dedicação maior. O trabalho, de algo bom e virtuoso, havia tornado-se algo incômodo e pesaroso. e tudo isso somatizava em seu corpo físico: pressão alta, enxaquecas, crises alérgicas, sono excessivo, tudo de ruim.
            Talvez, ele exagerasse ao permitir que tais acontecimentos estressassem-lhe a mente e o corpo. Afinal, todo mundo diz que “cada escolha, uma renúncia”. Então, escolher fazer as coisas do modo certo significa renunciar à sua saúde física e emocional? Que mundo injusto! Nessas horas, ele achava que a ignorância fosse uma dádiva, já que o ignorante não tem com o que se preocupar.
            3h15. A hora não passava, e faltavam cerca de duas horas e meia para levantar-se. O sono sempre caía sobre ele durante o dia – nos dias em que se levantava da cama às onze da manhã, já sentia o sono vir às duas da tarde. Mas, ali, naquele instante, o seu corpo necessitava de um descanso, embora a sua mente não cedesse.
            Era provável que a sua mente estivesse trabalhando para lembra-lhe de tudo aquilo que lhe fazia feliz: o marido, os bichos de estimação, os pais, os irmãos, os sobrinhos (Ah! Os sobrinhos!), alguns primos e alguns tios, o curso que escolhera há dois anos (pelo qual descobrira uma paixão), a escrita, enfim...

            E funcionou. Quando ele percebeu, apenas uma das narinas estava “entupida”, a coceira nos olhos cessara, e o sono dava sinais de proximidade. Hora de dormir, finalmente!

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Série: Religiões - CANDOMBLÉ

            O Candomblé é uma religião afrobrasileira com cerca de dois milhões de fieis. É uma religião que combina várias crenças. As crenças tradicionais africanas dos povos Iorubá, Fon e Bantu estão na base da religião. A palavra Candomblé é a junção do termo quimbundo candombe – dança dos atabaques – com o termo iorubá ilé – casa –, portanto, significa “casa da dança com atabaques”. Seguindo sua etimologia, a religião tem a dança e a música como fatores importantes.



            O Candomblé nasceu das pessoas que foram trazidas da África durante a escravidão no Brasil. Muitos senhores de escravos cristãos e a própria Igreja sentiram que era importante a conversão dos escravos africanos. Isso, não apenas para embasar suas obrigações religiosas, mas na esperança de tornar os escravos mais submissos. Embora muitos tenham sido convertidos ao Cristianismo, outros escravos praticavam sua religião em segredo, ou mascaravam sua prática como se fosse o Catolicismo.
            Até meados de 1970, os africanos eram perseguidos caso fossem pegos praticando o Candomblé. Desde então, a religião se tornou muito popular no Brasil, especialmente na cidade de Salvador, na Bahia, nordeste do país. Muitos africanos visitam a cidade para aprender mais sobre seus ancestrais e suas crenças religiosas. Para muitos africanos, o Candomblé não é apenas uma religião, mas uma identidade cultural. Alguns fieis querem remover os elementos cristãos da religião e permitir que ela retorne a sua forma mais pura.

As crenças
            A religião tem como base a anima – a alma – da Natureza; sendo chamada de anímica.
            Para os fieis do Candomblé não existe um conceito de bom e mau; contudo, praticar o mal tem suas consequências. O objetivo de cada um é carregar o seu próprio destino, que é controlado pelo orixá. O orixá de cada pessoa age como um protetor.
            Os orixás são entidades africanas que estão ligadas às forças da Natureza. Cada orixá se manifesta através de emoções – sentem raiva, ciúmes, amam em excesso, são passionais. Além disso, cada um tem o seu sistema simbólico, composto de cores, comidas, cantigas, rezas, ambientes e até horários.
            Por conta do sincretismo que se deu durante a escravidão, cada orixá foi relacionado a um santo católico, de modo que os africanos pudessem manter suas crenças vivas. O exemplo mais conhecido é de São Jorge, que é utilizado para o culto a Ogum, que é o senhor dos metais, da guerra, da agricultura e da tecnologia, segundo a mitologia Iorubá.
            Os templos de candomblé são chamados de casas, roças ou terreiros.
            Para os iorubás, tanto a vida quanto a morte são fases sagradas e, ao oferecer sacrifício aos seus orixás, eles consagram tanto a Terra quando o Céu, afirmando essa crença. Eles acreditam que os animais sacrificados têm a oportunidade de transcender como uma energia consciente. Os fieis do Candomblé são altamente criticados por essa postura, mas deve-se lembrar de que muitas religiões praticaram o sacrifício em algum momento de sua existência.
            Os ogans, conhecidos no Brasil como filhos de santo, passam por transes de possessão profunda – incorporação. Tudo o que eles manifestam pertence aos domínios do inconsciente.
            Um ponto que deve ficar muito enfatizado é o equívoco ao atribuir a maldade ao orixá Exú. Por conta dos colonizadores católicos e catequistas jesuítas, esse orixá ganhou uma versão completamente distorcida, onde é visto como a personificação do mal e da perversidade – mesmo entre adeptos de seitas formadas pelo sincretismo afrobrasileiro. Como já dito, os iorubás não têm um conceito de diabo, do mau. O Exú é o orixá do certo e do errado, do dia e da noite, da dualidade – a bipolaridade, de modo geral. Ele permite a ligação entre o mundo material e o mundo espiritual; é o guardião dos templos, das cidades, das encruzilhadas, das casas e das pessoas.
            O mal-entendido surgiu quando os missionários cristãos o identificaram com o diabo, por conta de sua representação: um homem nu, exibindo um grande falo ereto, ou como um cupinzeiro brotando do solo, representando o órgão sexual masculino. Ele também representa a fartura, a sedução, a fertilidade, a criatividade, a sexualidade. Em lendas iorubás, o Exu revela que a moralidade não está sujeita à divindade, mas às escolhas humanas e suas consequências.

O Mito da Criação
            Para os iorubás, apenas Olodumaré, o deus supremo, está acima dos orixás. Ele representa o poder infinito do Universo; é inacessível e está muito além da compreensão humana. Ao contrário dos demais, não é cultuado e nem incorpora, mas é o mais respeitado.
            Quando decidiu criar a humanidade, Olodumaré criou primeiramente os orixás e, a eles, confiou a supervisão da sua obra. Com isso, para chegar a Olodumaré, é aos orixás que os homens devem procurar, reverenciar e dirigir suas preces e oferendas.
            Orun, uma dimensão intermediária entre o Universo Superior de Olodumaré e a Terra (Ilê), é um lugar muito sagrado e reverenciado, pois é lá que as almas dos mortos vivem, aguardando pela hora de voltar ao mundo dos vivos periodicamente, renascendo.
            O link a seguir, contém uma espécie de áudio-conto com a criação do mundo, segundo a mitologia iorubá: http://www2.cultura.gov.br/audiovisual/acervo/a-criacao-do-mundo-segundo-a-mitologia-ioruba/.


Fontes:
http://mitoemitologias.blogspot.com.br/2012/07/a-criacao-do-homem-na-mitologia-yoruba.html
http://mitologiacomentada.blogspot.com.br/p/ioruba.html
http://ocandomble.wordpress.com/
http://www.ama.africatoday.com/candomble.htm
http://www.bbc.co.uk/religion/religions/candomble/history/history.shtml

http://www.typesofreligion.com/candomble.html

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Crônica: Verás que um filho teu não foge à luta!


            Há muito tempo atrás, em 1500, havia uma terra ignorada pelo resto do mundo. Terra, essa, habitada por milhões de povos nativos, que acabaram ficando conhecidos como índios. Mas a chegada de uma frota vinda de Portugal, comandada por um homem chamado Pedro Álvares Cabral, mudou completamente o destino dessa terra.
            A terra, que ficou conhecida como Brasil, era o lar de um gigante, um ser colossal, dono de força, esperança e perseverança sem iguais. Mas, assim que os portugueses chegaram, eles conseguiram derrubar o gigante. Derrubaram-lhe e deixaram-lhe amarrado debaixo do solo.
            Desde então, esse gigante – o qual não se sabe o nome – vem travando uma séria batalha. Por diversas vezes tentou se reerguer e lutar por seus direitos, lutar pelo simples direito que lhe fora tomado, o direito de viver dignamente. A mais recente foi em junho de 2013.
            Tudo começou por conta do aumento no preço das tarifas do transporte público em várias cidades do país. Nesse momento, o gigante – aquele, adormecido – viu uma oportunidade de reerguer-se. E assim o fez. Os grupos que tomavam frente da manifestação desataram as amarras que ainda seguravam o gigante. e o espetáculo foi lindo!
            O gigante se rebelou. Ele partiu para cada uma das cidades que realizava os protestos, e lutou com força, esperança e perseverança. Lutou bravamente. Enfrentou as milícias que os governos enviaram às ruas. Defendeu a sua terra, exigiu os seus direitos. E ele conseguiu. Por muito lutar, o gigante demonstrou que possuía força o suficiente para conquistar o que lhe havia sido tomado. Houve violência contra aqueles que lutavam por seu direito. Mas o governo, depois de muito tempo – aqui, recordamo-nos dos tempos da Ditadura Militar –, teve de ceder à vontade do povo. Tudo isso, porque o gigante acordara.
            E o gigante conseguiu finalizar a batalha com sucesso. Seus direitos foram-lhe reafirmados. Ali, toda uma nação parabenizava-se pela atitude. Foi lindo de ver. Após isso, várias manifestações passaram a acontecer no país – o gigante exigia o fim da corrupção, melhorias no transporte, debate sobre temas como o ato médico, as PECs 37 (que visava proibir investigações do Ministério Público) e 33 (que visa reduzir os poderes do Supremo Tribunal Federal).
            Mas o tempo passou. Em 2014, o país ansiava pela chegada de um evento esperado por décadas: a Copa do Mundo. Sim, o “País do Futebol” sediaria a Copa do Mundo, receberia as seleções mundiais para um grande campeonato. Irônico é o fato de que os gastos do governo com a Copa do Mundo fora um dos assuntos tratados durante a ascensão do gigante. Durante a Copa, o gigante tentou reagir, mas as tentativas foram inúteis – o exército estava nas ruas, impedindo quaisquer manifestações populares. A Copa aconteceu, e o resultado final não foi bem aceito pela nação.
            A partir de então, o gigante começou a perder forças. São Paulo, a cidade mais populosa do país, dava indícios de uma crise em seu sistema de abastecimento hídrico. Por conta da Copa, as informações quase não eram discutidas – fez-se uma política de silêncio. O governo do estado conseguiu calar o gigante, propondo bônus nas contas de quem reduzisse o consumo de água – e, ainda, conseguiu fazer um racionamento maquiado.
            A esperança final era o período de outubro: as eleições. Parte da nação esperava que o gigante ganhasse forças novamente, persistisse e não desistisse de sua esperança. Parte da nação imaginava a vitória do gigante sobre o governo, no dia 5 de outubro de 2014.
            Mas, infelizmente, nesse dia, o gigante perdeu. O gigante, que outrora havia se mostrado forte em sua ascensão, agora parecia não ser o mesmo. Ele tentou se levantar, mas a preguiça falava mais alto – a comodidade falava mais alto. As coisas permaneceram da mesma forma, em todos os lugares. O gigante percebeu, também, que não havia água para beber, mas preferiu não protestar. Preferiu acreditar em seu governo.
            Aqui, o gigante se esqueceu de sua pátria. Deixou-se ser conduzido. Obedeceu a ordem do governo e deixou de lado o progresso. Mas ainda há uma parcela da nação que não desistiu. Essa parcela aguarda o dia em que o gigante se reerguerá com uma força jamais vista e, desta vez, não voltará a dormir.