sábado, 15 de junho de 2013

"Eu ponho fé é na fé da moçada!"


Jovens de hoje, adultos de amanhã. Quantas vezes já não ouvimos ou lemos frases similares à esta? Inúmeras, certamente. Mas quase nenhuma vez paramos para, de fato, refletir sobre o assunto. Ainda mais nestes dias, em que o jovem tem transmitido pouca esperança de um futuro bom - segundo os mais velhos.

Estes, de uma geração anterior, alegam que a juventude está perdida, que os jovens pouco se importam com o futuro da nação. Jovens que, quando cometem crimes ou ato infracionais, ou ainda mesmo aqueles que não tiveram acesso às oportunidades do mercado ou de estudo, são tratados como adultos em tais situações. Em contrapartida, quando essa juventude se manifesta, protestando e desejando mudar as injustiças acometidas pela sociedade e pelo governo contra a nação inteira, ela é considerada como imatura, pois "são muito novos ainda e precisam aprender muito o que é a vida".

É incoerente esse ponto de vista sobre a juventude do país. Falta um olhar especial a cada um desses jovens, faltam oportunidades de mostrarem o quanto podem ser bons! Eu, ainda no início de minha segunda década de vida, tenho total consciência de que minha experiência de vida é pouca quando comparada a de meus pais. Mas, também, tenho a certeza de que já contribuí muito para mostrar coisas novas à eles e às gerações mais velhas, e possuo conhecimento o suficiente para ser um indivíduo ativo na sociedade, e argumentar contra ou a favor das coisas que nos permeiam. Tenho com o que contribuir, mas preciso de espaço. Só me falta o espaço, a chance.

domingo, 9 de junho de 2013

Conjugando o verbo amar



Amor. Ciúmes. Dois sentimentos que são, definitivamente, diferentes.
Amar e sentir ciúmes é algo normal - mesmo com alguns estudos dizendo que se há ciúmes, não há amor. Sentir-se incomodado quando alguém flerta com sua pessoa amada não é nenhum pecado. O problema nasce quando, por ciúmes, você impede essa pessoa de fazer coisas que não exercem nenhum ato contra o relacionamento do casal.

Amar é entender que a pessoa está com você, não a toa, mas porque quer estar com você.
Não é necessário estabelecer regras em um relacionamento para impedir que ela conheça outras pessoas.
Ela está interessada em você!

Amar é conhecer tão bem essa outra pessoa, a ponto de não questioná-la sobre coisas as quais você já sabe as respostas. Você está perguntando somente para criar indagações.
Aliás, amar é olhar nos olhos da pessoa e saber as respostas para tais perguntas. É conhecimento.

Ame, e deixe viver.
Não a impeça de realizar suas atividades apenas porque você não estará presente.
Se o sentimento é verdadeiro, uma das coisas na qual ela estará pensando enquanto está longe, é em você.

Não se prenda a quem deixa o ciúmes ultrapassar o nível do amor.
Reforce dentro de você o quanto você é importante, se ama, e quer ser amado.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Um pouco mais de atenção


A badalada vida nos grandes centros urbanos não é pura alegria. A correria do dia-a-dia cria, talvez involuntariamente, um mundo dentro de outro. Os indivíduos se atravessam por inúmeras vezes ao dia, com um número incontável de pessoas diferentes. E, assombrosamente, mal se olham.

Lembro-me, com isso, das vezes que viajei para as cidades interioranas. Uma pessoa que você jamais viu te cumprimenta com um enérgico "bom dia". Ou quando você faz um favor para alguém, você ouve um honesto "muito obrigado". Ações, tais, acabam por deixar o seu dia mais compensador, completo.

É evidente que a preocupação com transportes coletivos, andanças, trabalho, estudos, e outras coisas que exigem a rapidez nas grandes cidades causa esse espaçamento entre as pessoas. Mas, também, esses indivíduos se acomodaram de tal forma que nem mesmo tentam mudar algumas atitudes. Imagine, só, como o seu dia seria melhor se você recebesse um "bom dia" ao subir no ônibus pela manhã. Ouvir um "por favor" quando lhe pedirem para preparar um documento no trabalho. Receber um "obrigado" quando der licença para alguém que queira desembarcar do trem. Daria um novo vigor para a batalha diária, não?

Mas para apreciar tais atos, é necessário que alguém os comece. E por que, não, você?
Ninguém, melhor do que você, sente na pele o quanto é complicado passar por tudo isso durante o dia. Todos os dias. Ninguém, melhor do que você, sabe o quanto é humilhante ser quase pisoteado dentro do transporte coletivo por conta de pessoas sem o mínimo de respeito ao próximo.
Então aja! Seja, você, a melhora que você quer ver nos outros.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Conto - Absorvida


Abriu os olhos. Estava escuro, mas era possível enxergar o LED vermelho do rádio-relógio marcando seis horas. Seis horas da manhã. Quis levantar-se, mas algo fazia sua cabeça pesar. Tentou mover as mãos. Nada. Tentou mover as pernas. Muito menos. Quis gritar. Nem um sou foi emitido. E, então, as lágrimas rolaram.
Inexplicavelmente, seu corpo estava imóvel, não conseguia mover um músculo, nem mesmo piscar os olhos. Os olhos ardiam, mas não conseguia fechar as pálpebras. A mulher não tinha controle algum sobre seu corpo. Quanto mais tentava se mover, mais lágrimas escorriam por seu rosto, o que por sorte deixava os olhos lubrificados.
Olhava para o rádio-relógio na parede, ansiosa, mas os minutos pareciam não passar. Chorou novamente. Por alguns instantes tudo escurecera novamente. Ela havia desmaiado. Sentiu uma dor, uma queimação, em seus olhos com um clarão que surgiu repentinamente. A luz do cômodo fora acesa, mas a jovem não conseguia proteger a visão. Uma mulher, mais velha, se aproximou, com uma feição assustada. Era a sua mãe. Tentou pedir ajuda, mas ainda estava inerte. Sua mãe lhe chamava pelo nome, mexia em seu corpo, mas provavelmente não percebera reação alguma.
A mãe da moça saiu do cômodo, então, por alguns minutos e retornou com um jovem homem. Ela tentou berrar ao ver quem era, o seu esposo. Mas foi outra tentativa inútil. O jovem, ao ver a situação, deitou-se sobre seu corpo e começou a se lastimar. Aquilo a deixou ainda mais tensa. Suas lágrimas já não escorriam mais, haviam secado. Sua mãe e seu esposo a tinham como morta, muito provavelmente, pensava. A sensação de invalidez imperava junto ao desespero.
Seu esposo saiu do quarto, e sua mãe começou a mexer no guarda-roupa. Em seguida, retirou toda a sua roupa. Por que aquilo? Então percebeu que a mãe segurava acessórios de banho, como bacias, buchas, sabonete e toalhas. Sentiu a água morna escorrer por seu corpo, ali na cama, encharcando tudo. Quando o banho foi terminado, foi pega no colo por sua própria mãe, uma mulher robusta, que a colocou no canto seco da cama. Começou a secá-la com uma toalha muito macia. Queria gritar para a mãe, pedir ajuda, mas não conseguia. Alguns minutos depois viu o seu esposo se aproximar com um homem e uma mulher vestidos de branco.
O homem de branco, por sua vez, segurou-lhe o pulso por trinta segundos, e então o largou, lamentando-se. Após isso, a moça de branco pediu aos homens que se retirassem, e junto à mãe abaixavam-lhe as calças. Sentiu que estavam inserindo alguma coisa em suas partes íntimas. Desesperada, não sabia mais o que fazer... Percebeu que estavam preparando-a para seu próprio funeral. Estava viva, porém imóvel, dando a entender que estava realmente morta. Para o seu azar, naquela cidade de interior onde sua mãe vivia, os médicos pouco se preocupavam em tentar diagnosticar doenças ou causas das mortes. Aquela viagem, que era para ser perfeita - já que não via sua mãe há anos - estava se tornando em seu pior pesadelo.
Quando foi novamente revirada, a enfermeira enfiou pedaços de algodão em sua boca, e depois em seu nariz, e orelha. Sentiu-se sufocada. O medo cresceu quando viu que a enfermeira, junto à mãe, vinha lhe fechar os olhos. Ali, percebeu que era o fim. Estava morta para todos, e mal conseguia protestar. Morreria por acharem que já estava morta há muito tempo. Ironia. Sentiu as mãos de sua mãe e da enfermeira e enrolarem numa espécie de cobertor. Então lembrou-se de que o costume, no interior do nordeste, era enterrar os mortos não em caixões, mas em redes de descanso. Sentiu ser transportada para outro lugar, mas desmaiou novamente.
Após algumas horas, acordou. E conseguiu abrir os olhos, finalmente. Mas já era tarde. Ela sentia seu corpo ser esmagado, provavelmente já estava debaixo da terra. Tentou mexer os braços, mas o peso era muito. Arranjou forças de onde não tinha e conseguiu se desembrulhar daquele pano, agora não era mais prisioneira do próprio corpo, mas da terra. Puxava, desesperadamente, a terra para baixo, tentando subir naquela escuridão. Lembrou-se dos pedaços de algodão, e os removeu de suas narinas e de sua boca com selvageria, arranhando o próprio rosto. Tentou puxar a terra. Mas a terra entrava por sua boca e seu nariz, sufocando-a cada vez mais. Aos poucos, perdia a sua força. Percebeu que não conseguiria sair dali, e chorou. A última coisa que sentiu, antes de sucumbir à morte, foi o ar gélido passando pelas pontas de seus dedos, que alcançaram a superfície.

domingo, 2 de junho de 2013

Tudo o que se quer


Pouco é sabido, mas a Parada Gay somente se originou por conta de uma batida policial em um bar - o Stonewall - frequentado por homossexuais, em Nova Iorque, no ano de 1969. Em 28 de junho, daquele ano, dois mil manifestantes foram às ruas pelas pessoas que foram presas e espancadas naquele bar.
E foi esse dia que marcou, então, o início pela luta LGBT em prol da liberdade de expressão e igualdade de direitos deste grupo da população.

E, assim, os homossexuais vêm conseguindo conquistas seus direitos durante essas décadas.
A homossexualidade já não é mais considerada como uma doença, e muitos países ao redor do mundo já conseguiram liberar o casamento homossexual.

Um dos gatilhos principais para essas conquistas foram as Paradas de Orgulho Gay, onde os manifestantes demonstram o orgulho, e não a vergonha, de ser quem são. Orgulham-se de suas identidades. E nada mais louvável do que isso! O Brasil é o país que sedia uma das maiores Paradas Gays do mundo.
Mas o seu real propósito tem se perdido ao longo dos anos. Muito do que se vê é parecido com uma Micareta Gay - pessoas fazendo sexo na avenida, muita balburdia... Poucos os que ainda lutam pelo verdadeiro sentido das Paradas, que é a luta pela liberdade de expressão, pela igualdade, pelo término do preconceito.

Se o alcance de pessoas é tão grande durante a Parada Gay, tem que se aproveitar para mostrar o que se quer: RESPEITO!