terça-feira, 14 de maio de 2013

A saúde é direito de todos e dever do Estado (?)


Dentre 126 países do mundo todo, o Brasil ficou com o nível de 108% em satisfação  com seu sistema de saúde, segundo Relatório de Desenvolvimento Humano de 2013.

Hoje, um brasileiro faltou ao serviço por uma torção no pé, e foi ao médico para que a situação fosse analisada. Chegando na unidade de assistência médica, o cidadão pegou sua senha e aguardou ser chamado para fazer sua ficha. Trinta minutos se passaram até que fosse chamado e fizesse a sua ficha. Depois de mais trinta minutos, fora chamado na sala de triagem, para especificar o seu problema - junto a outros pacientes, sem a menor discrição - e, então, ter classificado o seu nível de prioridade no atendimento.

Nessa uma hora de espera, o cidadão sequer consegui um lugar para se sentar, de tão cheio que estava o local, e de tantas pessoas que, com certeza, estavam sofrendo mais que ele. Três horas após ter dado entrada naquela unidade de assistência médica foi, finalmente, chamado pelo médico. Ao entrar no consultório, o médico não o deixou nem mesmo fechar a porta, de modo que não demorasse no atendimento. O médico não examinou o seu pé, não tocou. Apenas alegou que estava um pouco inchado - o que parecia não ser surpresa ao cidadão - e receitou alguns medicamentos. O cidadão perdeu o dia de emprego por não conseguir andar confortavelmente, perdeu horas em pé aguardando o que viria a ser um péssimo atendimento.

Brasil, um país que investe em tantas bolsas de auxílio, em tantos projetos para o futebol, o carnaval. Mas como o brasileiro vai aproveitar cada coisa que seu país lhe 'oferece' sem ao menos ter uma boa saúde?
É porque o que o Brasil faz, não faz pela sua nação, mas sim para ter um bom status perante os países afora.

O setor de saúde no país sofre um grande descaso, e não é de hoje.
Para ser atendido, o cidadão precisa estar à beira da morte, ou prestes a dar a luz.
Falta amor ao cuidar, falta investimento econômico e pessoal na área.
É a triste realidade do Brasil.

domingo, 12 de maio de 2013

Amor de Mãe



Pedro tinha se levantado há pouco mais de dez minutos. Seus pais ainda dormiam naquela manhã de domingo. Ao menos era o que o garoto acreditava.
- O que está fazendo acordado a essa hora, rapazinho? - o pai do menino entrou na cozinha.
- Pai! - Pedro pareceu nervoso. - Você já acordou?
- Vim apenas buscar um copo de água. - respondeu o pai, percebendo a tensão no garoto. - Você também, não é?
Pedro pensou por um instante. E então ele entendeu que o pai estava lhe ajudando.
- Sim, pai. Estava com sede, já vou voltar para o meu quarto. - disse o menino, sorridente.
O pai de Pedro sorriu, também, e saiu do cômodo. Assim, o menino voltou ao que preparava antes de ser interrompido. Era uma surpresa para sua mãe.
Pouco tempo depois, Pedro embrulhou tudo em um papel amassado que encontrara debaixo de sua cama e amarrou com uma fita vermelha. Ansioso, correu para o quarto dos pais e bateu na porta.
- Entre! - respondia o pai, com a voz abafada, de dentro do quarto.
- Oi pai, oi mãe... - Pedro entrava com as mãos escondidas atrás das costas. - Bom dia!
- Bom dia, meu querido. - respondeu a mãe. - O que está fazendo acordar a uma hora dessas? Aproveite o domingo, vai dormir um pouco mais!
- Estou aproveitando... - respondeu Pedro, com a felicidade estampada no rosto.
- Está? - questionou o pai. - Como?
- Mãe, eu te amo! - declarou-se, de imediato.
- Oh! Meu querido, também amo você! - respondeu a mãe, puxando o menino e beijando-o na testa. - O que é isso aí atrás?
O menino ficou estático. Não sabia se entregava ou não a surpresa para a mãe. Olhou sorrateiro para o pai, que o incentivou com um sorriso cordial.
- É um presente, de dia das mães! - revelou Pedro, entregando o embrulho.
Emocionada, a mãe do menino abriu o presente como uma criança, quase que rasgando o papel.
Ao ver o que se encontrava dentro do presente, ficou calada por um momento, como que em reflexão.
- O que é isso, meu filho? - indagou a mãe.
- Mãe, eu usei uma daquelas forminhas de bolo em formato de coração... Fiz um novo coração pra você. Quando o seu estiver fraco, quero que você troque por este para você viver por mais tempo do meu lado. - explicou Pedro, de modo sério.
Naquele momento, a mãe do menino o abraçou fortemente, e chorou.
- Meu filho, muito obrigada pelo seu presente! - agradeceu a mãe. - Mas saiba que eu já estou, também, dentro do seu coração... E se esse não funcionar, vou morar aí dentro, com você.
O menino abriu um sorriso que amolecia o sentimento de qualquer um.
- Feliz dia das mães, mãe! - disse o garoto, subindo na cama junto aos pais.


Às mães, um feliz dia!

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Inspire



Incrível como, para tudo, existe algo inspirador.
Você escreve ótimos textos, mas algo, alguém, te inspira.
Se acontece algo em sua vida, isso também te inspira para a maneira como você vai escrever.

Mas e quando parecer que não existem mais inspirações?
Inspire-se em você. Sua mente abriga coisas das quais você, sequer, imagina.
Organize esses sentimentos, essas ideias. E espere que elas venham.
Caso não venham, mergulhe em sua própria mente e busque-as.
Vai se surpreender com tamanho mundo inexplorado.

Exerça o poder que você tem. Pense. Crie. Compartilhe.

sábado, 4 de maio de 2013

Sou errado. Sou errante.



Mente esgotada. Corpo exausto. Espírito abalado. Suas forças estavam exauridas. Não entendia o pretexto para frequentes discussões, sempre ocasionadas por motivos tão levianos. Suas lágrimas tentavam escorrer, mas seu orgulho, seu medo, as impediam.
Seu coração, apertado, doía. Sua alma ansiava por mudanças. Raiva, indignação, desespero... No meio daquele turbilhão de sentimentos ele mal conseguia distinguir cada um. O mais nítido, aparentemente, era a decepção. Estava profundamente decepcionado consigo e com o mundo. Na mesma proporção em que a vida lhe trouxera bons frutos, estava também lhe mostrando os seus vermes.
Apesar das pessoas à sua volta, estava mergulhado no mais profundo abismo, sozinho e apavorado. Sentia a incerteza tomar conta de si enquanto a dor somente evoluía. Quis gritar, mas algo aprisionava a sua voz. E o choro não veio, ainda não. Olhava ao redor, enxergava a grama, mas não via a esperança. Estava com medo de todos aqueles sentimentos, era como se tudo que conseguira alcançar escoasse por entre seus dedos.
Talvez a solução estivesse nisso. Nunca pensara, verdadeiramente, que um dos motivos de sua existência não era 'ter', e sim completar as pessoas. Sua cabeça doía, parecia que estava a ser comprimida. O medo ainda lhe assombrava. Em sussurros, desejava a mudança, mas não entendia como poderia mudar ainda mais. Se deu conta de que, em toda a sua vida, mudou para os outros deixando de lado a sua própria essência - perdendo-na. Mais uma vez, o medo regressou.
Por um breve segundo pensou em desistir de tudo. Mas, por fim, conseguiu se recordar de seu maior valor: o amor - amava as pessoas de modo ímpar. Afastou, então, aquele pensamento. Sua existência se baseava no propósito de amar as pessoas - mesmo aquelas com seus crimes ou segredos obscuros - e mostrar o quanto elas são importantes umas para as outras. Não mudaria, não novamente. Mas tentaria se adaptar às dificuldades da vida e mostrar a sua verdadeira alma. Iria mostrar quão humano era, e digno de cometer erros, seja os quais fossem, tal como qualquer outro humano. Mostraria que um erro não é maior, ou menor, que o erro do outro, mas que todos são erros - seja por quem for cometido.
Respirou. Refletiu. E agradeceu ao Universo por existir, por ser humano!

Conto - Alvura renunciada



Solitário, o pequeno menino brincava na soleira da porta de sua casa. Na verdade, estava acompanhado por uma boneca, de olhos profundos, um ventríloquo. A feição do ventríloquo era melancólica, sofrida. Já o menino tinha uma aparência amarga, carregava um semblante sério, pesado, mesmo durante a brincadeira.
A casa era afastada de todas as outras da rua. Ninguém sabia, mas o menino vivia sozinho, não tinha irmãos, pais, tampouco amigos. Assim, exteriorizava toda a solidão de sua alma naquele lúgubre olhar. Sua única companhia, sua única amiga verdadeira, que jamais o abandonara, era aquela boneca.
E os vidros da porta refletiam um segredo obscuro. O interior da casa encobria uma desgraça. Aquele solitário menino era prisioneiro de sua própria perversidade. O abandono lhe tornara um facínora, angustiador, uma criança tenebrosa.
Mas não havia salvação, segundo seus demônios interiores. E apenas aquela boneca conseguia compreender a sua alma, seus anseios, ninguém mais. Nenhuma daquelas crianças que foram até ele puderam entendê-lo e, portanto, ele as resgatou.

Eu, quem?



Nosso cérebro é como uma máquina, organizada por um complexo mecanismo de engrenagens, que dependem umas das outras para o perfeito funcionamento. Dependendo do seu estado, da situação, ou dos momentos de desconstruções e reconstruções, essas engrenagens se encontram em atrito, causando um desgaste. Caso esse atrito não seja reparado, a máquina se quebra.

Chega um momento, em sua vida, que você vê a necessidade de desconstruir certos valores – que até então você julgava, e tinha a certeza, que sempre foram seus – para, então, buscar os seus valores, os verdadeiros – que, por alguma razão ou circunstância imposta pela vida, você os deixou se camuflar.
            Tal processo, evidentemente, não é rápido e tampouco fácil. É um trabalho árduo, doloroso logo de início, que vai exigir a utilização de muita força e muita vontade. Vontade de poder mostrar ao mundo o que você é, deveras.

Mas tal feito se faz necessário, e muito! Caso contrário, chegará um dia em que as engrenagens deste mecanismo se desgastarão, fazendo com que as outras também se desgastem e todo o mecanismo entre em colapso. Fora que seus reais e importantes objetivos dificilmente serão alcançados com engrenagens soltas ou desgastadas.
Entro, assim, num longo processo de autoanálise, indagações mas, principalmente, de descobertas. Por que eu existo? Quais são os meus valores? O que me importa? O que é a vida?

Espero, ao fim de tudo isso, estar em um aprendizado contínuo e crescendo – como indivíduo e sociedade – a cada dia.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Conto - Obsessão



Abri os olhos. O rádio-relógio marcava três horas. Já faziam cinco horas desde que eu havia deitado para dormir, e não parecia. Joguei as cobertas para o lado direito da cama, acendi a luminária do criado mudo e me levantei, calçando as sandálias.
Um leve sabor metálico afetava o meu paladar, mas quando levei minha mão à boca percebi. Era sangue. Durante o sono eu devia ter mordido os lábios e provocado a ferida. Abri a porta do banheiro e, em seguida, enxaguei a boca e escovei os dentes para repelir o gosto desagradável.
Enquanto descia as escadas, rumo à cozinha, ouvi um estalo. O barulho vinha da sala, mas quando entrei no cômodo não consegui detectar o que pudera causar o som. Conferi o sistema de alarme, e estava tudo certo, mas quando olhei para a janela, em direção ao quintal, avistei um vulto correndo por entre os arbustos. Senti os pelos da nuca se ouriçarem.
Melindrosamente, corri até a cozinha e procurei por uma faca ou outro objeto pontiagudo, e encontrei um facão. Armado, retornei à porta de entrada e abri-a cuidadosamente. A escuridão que tomava o quintal me assombrava igualmente. Empurrado pela tensão vaguei pelo quintal como quem está perdido, sem saber como agir. Atentei-me que eu deveria ter, unicamente, buscado o telefone e discado o número da emergência.
Tive a sensação de estar sob a mira de algum intruso, mas não conseguia enxergar nada além da escuridão. A noite, sem luar, coadjuvava para favorecer aquele ambiente de horror. Empunhei o facão. Senti meu corpo vacilar, e então tudo escureceu.
Naquele negrume, eu apenas ouvia murmúrios. Meu nome era invocado frequentemente, e pareciam utilizar alguns termos médicos. Ouvi algo sobre pânico, ansiedade... Eu relutava, mas eles insistiam em me fazer abrir os olhos, e eu não queria acreditar que nada daquilo era real.
No início daquela noite eu sentira o coração apertado, palpitante, ouvi barulhos que vinham da minha própria casa, e cheguei a ver - ou pensei ter visto - alguém no quintal. Mais uma vez, insistiram para que eu abrisse os olhos, então concordei que eu precisava de auxílio. Quando abri os olhos, eu enxerguei. Os homens de branco é quem cuidavam de mim.