sábado, 12 de outubro de 2013

Somos aqueles que podem trazer amor ao mundo!


Ação de criar, produzir, erguer. Criação. Indivíduo da espécie humana na infância.
Indivíduo da espécie humana na infância com a exorbitante e incrível capacidade de criar um mundo onde o amor é a linguagem universal.

Uma criança carrega consigo a pureza. Não tem medo, não tem preconceito, não tem ódio, não faz distinção. Mantém tudo isso, até que vem o adulto e insere todas as outras coisas que destroem esta pureza - com a justificativa de que a vida pede sabedoria. Tolos aqueles que pensam que sabedoria está em ser mais que o outro. Uma criança sabe, mais que qualquer um, que sabedoria é saber erguer um mundo inteiro, com seus habitantes, com suas histórias, entrelaçados em um bom enredo.

Vamos olhar mais aos nossos pequenos. Vamos ajudá-los a construir e erguer o mundo que eles idealizam.
Vamos ressuscitar a criança que fomos um dia. Vamos nos juntar e resgatar essa pureza.

Um feliz dia da criança!

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Conto - A Estrela Guia



Arábia. Cerca de dois mil anos atrás.

    Três homens atravessavam pelas terras áridas do deserto naquele fim de tarde. Eram três magos da Caldeia – os caldeus eram considerados um povo muito sábio, pois se dedicavam ao estudo dos astros e dos encantamentos. Havia rumores naquela época de que o Rei dos Judeus, o Cristo, logo chegaria ao mundo, e uma estrela anunciaria o seu nascimento.
    Desde então, os três magos decidiram viajar pelos desertos esperando por uma estrela que os guiassem. O primeiro mago, de origem ariana, era o mais velho de todos, e não conseguia imaginar como uma estrela cadente poderia guiá-los:
    - O astro irá nos guiar, você verá! – garantiu o segundo mago, de origem asiática.
    - Assim dizem os escritos. – lembrou o terceiro mago, de origem africana, o mais novo.
    - "Uma estrela procederá de Jacó e um cetro subirá de Israel.", é o que dizem as escrituras. – concordou o primeiro mago. – Precisamos, então, aguardar o momento. Assim que a próxima estrela cair, deveremos segui-la até alcançarmos o Rei.
    Como um milagre, um brilho se intensificou no céu. Era muito mais resplandecente que qualquer outro astro do céu. Os três, então, se apressaram. Subiram em seus camelos e iniciaram o cortejo ao astro.
    No caminho, o segundo e o terceiro mago decidiram trocar o que tinham por presentes para prestigiar a chegada do Rei, uma vez que o costume impedia que se chegasse a alguém de importância sem presentes a oferecer. O segundo mago comprou incenso, pois representaria a divindade do Rei, enquanto que o terceiro mago comprou mirra, que representaria a humanidade do Rei, enquanto nascido como um homem. O primeiro mago não se alegrou com nada que viu para presentear o Rei, então esperaria encontrar o presente certo.
    - Mas como me intrigam os movimentos deste astro! – comentou o primeiro mago.
    - Deveras. – assentiu o terceiro mago.
    - Por que este percurso tão defeituoso? – interpelou o segundo mago. – Uma estrela não tem movimentos tão absurdos!
    O objeto luminoso se movimentava em velocidade acima da esperada. Seus movimentos ora eram circulares, ora eram uniformes e retilíneos.
    - Precisamos estugar ou perderemos a estrela! – advertiu o primeiro mago.
    - Creio que já estamos em Belém. – presumiu o segundo mago.
    - Sim, estamos. – respondeu o terceiro mago. – Olhem!
    Os três magos observaram o corpo reluzente no céu. O objeto havia reduzido a sua velocidade e fazia uma curva descendente. Singelas faíscas caíam da estrela, enquanto ela rumava a Terra. E então o objeto sumiu.
    - Onde está? – questionou-se o segundo mago.
    - Ela caiu por trás daquele monte. – respondeu o primeiro mago. – Vamos, apressem-se!
    Assim, os peregrinos se apressaram com os seus respectivos animais em direção ao monte.
    Já se passavam dias desde o início da procissão, e finalmente os três magos encontraram o local em que a estrela caíra. Uma enorme cratera havia ali se formado, em meio aquela imensidão desértica.
    - O que tem ali? – O primeiro mago enxergou um pequeno brilho no centro do buraco formado pelo choque do objeto com a terra. – Venham!
    Quando se aproximaram da cratera, a luminosidade reduziu-se a um pequeno destroço. Não possuía uma forma reconhecível, era apenas um pedaço do que restara daquele objeto voador. Com certeza aquilo não era uma estrela.
    O primeiro mago logo teve a ideia de coletar aquele material feito de ouro para presentear o Rei que estava para nascer. Então, ele desceu à pequena cratera e tateou com precaução os destroços, escolhendo um pedaço nem tão grande, e nem tão pequeno.
    Os outros dois magos observavam atônitos aqueles restos. Certamente não eram os restos de um astro. Mas o que seriam?
    - Não descerão? – perguntou o primeiro mago, guardando o pedaço de ouro.
    - Não. Precisamos continuar a nossa busca pelo Rei. – lembrou o terceiro mago.
    De volta aos camelos, os três magos nem precisaram montar novamente nos animais. Ouviam o choro de uma criança vindo de um estábulo próximo dali. Deixaram os seus animais, pegaram os seus pertences e correram até o local.
    Ao entrar no estábulo, os três magos depararam-se com uma senhora segurando um bebê em seu colo, com um senhor ao seu lado. Então, prostraram-se diante do casal, admirando a criança e oferecendo-lhe os seus presentes. Após a entrega da mirra e do incenso, o primeiro mago decidiu entregar o seu presente:
    - Presenteio-te, criança, com este pedaço de ouro. – disse o primeiro mago, entregando a peça na mão da senhora. – Simboliza a tua realeza, a sabedoria que veio do Céu para a Terra.
    Os pais do menino assentiram em gratidão.
    Após contemplar o nascimento do Filho de Deus, os três magos levantaram-se, despediram-se e partiram, sumindo novamente na imensidão do deserto, carregando consigo o segredo daquele objeto que caíra do céu naquela noite.